O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, disse nesta terça-feira (8) que propôs ao governo brasileiro que a entrada para estudantes não seja por meio da meia-entrada, mas uma entrada a R$ 43,6 - ou US$ 25 - dentro de um grupo de ingressos, o chamado grupo 4, que seria para aqueles que não podem pagar ingressos mais caros, como estudantes e pessoas de baixa renda.
- A Fifa não gosta da meia-entrada. Falamos para a presidente Dilma Rousseff que não mexeríamos na meia-entrada para idosos, que é uma lei federal. Mas para os estudantes há um problema técnico.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, falou antes de Valcke e ressaltou a importância de a Fifa e o governo brasileiro chegarem a um acordo nos pontos divergentes da Lei Geral da Copa. Teixeira fez um apelo aos deputados para que a Lei Geral da Copa seja aprovada.
As regras para o grupo 4 ainda não foram definidas, mas de acordo com Valcke, englobariam os que não podem pagar pelas outras categorias de bilhetes mais caros. A categoria engloba, em geral, 10% da bilheteria bruta nos jogos, de acordo com Valcke.
- Propus que implantemos uma categoria 4 que será apenas para os brasileiros. E nessa categoria os estudantes poderiam ter acesso. A partir do jogo 2 até o 48 que a entrada custe US$ 25 e também preços especiais para abertura e jogo de encerramento.
O secretário da Fifa lembrou que a meia-entrada abriria espaço para a ação de cambistas.
- Queremos assegurar que diversas comunidades possam ver a Copa do Mundo. Quando damos a meia-entrada ela não é necessariamente para os mais pobres. Precisamos assegurar que quem compra a categoria 4 não tem capacidade de comprar categoria 1 ou 2. Sabemos que podem ser cambistas, um bilhete da Copa vale muito dinheiro, e a meia-entrada vale muito mais.
Valcke finalizou dizendo que governo e Fifa precisam se entender sobre as divergências, porque buscam um objetivo comum, a realização da Copa.
- Ou faremos juntos, ou não faremos mais.
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o projeto de Lei Geral da Copa do Mundo de 2014 ouve nesta terça-feira (8) o secretário-geral da Fifa (Federação Internacional de Futebol), Jerome Valcke, e o presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Teixeira.
O objetivo da audiência é esclarecer controvérsias geradas pelo projeto de Lei Geral da Copa encaminhado pelo governo no mês passado e que tramita em regime de urgência na Câmara. Há pontos da lei que divergem da atual legislação brasileira, como a meia-entrada e a venda de bebidas em estádios.
Pelo projeto de Lei Geral, apenas idosos têm o direito garantido por contarem com uma legislação federal sobre o tema. Para estudantes, o ingresso reduzido teria de ser discutido com os governos de cada sede, uma vez que as leis que garantem o benefício são estaduais.
Para o relator Vicente Cândido, (PT-SP), a questão deve ser resolvida com a adição das chamadas “quotas sociais”, que disponibilizariam uma quantidade reduzida de ingressos a preços populares. Segundo o deputado, o problema é como esses bilhetes seriam comercializados, uma vez que a Fifa vende os ingressos pela internet e essa prática não é adotada no Brasil para o acesso a jogos de futebol.
Outro ponto polêmico do projeto diz respeito à permissão para a venda de bebidas alcoólicas nos estádios da Copa, já que há fabricantes de cerveja entre os patrocinadores da Fifa.
Lembrando a proibição desse tipo de comércio nos estádios, adotada pela CBF, entidade presidida por Teixeira, Cândido justificou que não seria necessário proibir a venda de bebidas.
- Podemos perfeitamente responsabilizar a organização do evento, além de usar o Estatuto do Torcedor para aplicar penalidades rigorosas a quem praticar atos delituosos.
Romário e a Fifa
Na terça-feira (1º), o deputado Romário (PSB-RJ) disse que irá propor uma emenda estabelecendo responsabilidades não apenas para o governo brasileiro, mas também para a Fifa quanto à realização da competição. Como está, o projeto isenta a entidade de responsabilidade por danos sofridos pelo consumidor em relação à sua segurança.
Romário também já manifestou a intenção de cobrar de Jerome Valcke uma posição sobre as acusações de corrupção de que Ricardo Teixeira é alvo, lembrando que ele responde a dois inquéritos policiais por esse motivo.
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