O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, confirmou nesta sexta-feira que o processo de ocupação da Rocinha e do Vidigal, zona sul do Rio, para implantação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) será iniciado na madrugada do próximo domingo (13).
Desde o início da semana, a polícia tem feito blitze no entorno da favela, preparando a ocupação definitiva. Na quinta-feira (9), o chefe do tráfico de drogas na Rocinha, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, foi preso por policiais militares do Batalhão de Choque, quando deixar a comunidade escondido no porta-malas de um carro.
De acordo com Beltrame, a expectativa é de que a operação ocorra de forma pacífica. Contudo, ele não descarta a possibilidade de confronto com traficantes e assegura que a polícia está preparada para os ataques.
- A operação está sendo bem muito planejada. Vamos fazer de tudo para que não haja trauma, mas vamos preparados para ocupar.
- A operação está sendo bem muito planejada. Vamos fazer de tudo para que não haja trauma, mas vamos preparados para ocupar.
Beltrame pediu que os moradores da Rocinha tomem cuidado durante a madrugada de ocupação.
- As pessoas da comunidade que passarem próximo ao local precisam ter cuidado. Afinal, trata-se de uma operação policial. Mas estamos totalmente preparados para que tudo aconteça de forma pacífica.
- As pessoas da comunidade que passarem próximo ao local precisam ter cuidado. Afinal, trata-se de uma operação policial. Mas estamos totalmente preparados para que tudo aconteça de forma pacífica.
Com aproximadamente 70 mil moradores, a Rocinha é uma das maiores favelas do Brasil e uma das mais importantes para o tráfico de drogas. Ela chega a movimentar R$ 2 milhões por semana, de acordo com estimativas da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), um total estimado em R$ 8 milhões por mês, principalmente com a venda de cocaína.
A tomada da Rocinha e do Vidigal fecha mais uma espécie de cinturão de segurança, já que as favelas de Ipanema, Copacabana, Leme e Botafogo já estão ocupadas. São elas: Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Ladeira dos Tabajaras e morro dos Cabritos, Chapéu-Mangueira e Babilônia e morro Dona Marta.
Segurança de Nem preso na Vila Vintém
Na manhã desta sexta-feira, outras dez pessoas foram presas na comunidade de Vila Vintém, em Padre Miguel, na zona oeste, incluindo um homem apontado pela polícia como o chefe de segurança de Nem e outros cinco traficantes que teriam fugido da Rocinha. Na chegada da PM à favela, houve intensa troca de tiros e um suspeito foi morto.
No início da tarde desta quinta, Nem e outras 11 pessoas foram transferidas da sede da PF (Polícia Federal), na zona portuária, para o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste. O traficante está em uma cela individual, sem direito a banhos de sol e ficará sem receber visitas. Nem teve o cabelo raspado e já usa o uniforme dos penitenciários.
Cabral quer mais rigor para punir policiais corruptos
Na manhã desta sexta-feira, o governador Sérgio Cabral disse espera contar com um rigor maior do Poder Judiciário nos processos envolvendo policiais expulsos por desvios de conduta. Em depoimento, Nem disse destinar metade do seu faturamento ao pagamento de propina a policiais.
O governador se queixou da dificuldade de afastar definitivamente policiais que são expulsos de suas corporações, mas que conseguem voltar às ruas amparados por decisões liminares.
O governador se queixou da dificuldade de afastar definitivamente policiais que são expulsos de suas corporações, mas que conseguem voltar às ruas amparados por decisões liminares.
- Já tivemos experiências ruins de homens que foram expulsos das polícias civil e militar, mas que não foram condenados. Por meio de liminar conseguem voltar para suas corporações.
Cabral também disse esperar agilidade para transferir Nem para um presídio federal de segurança máxima. Nem e outros 11 criminosos foram levados para o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste. O traficante teve o cabelo raspado e já usa o uniforme convencional dos presos.
Cabral também disse esperar agilidade para transferir Nem para um presídio federal de segurança máxima. Nem e outros 11 criminosos foram levados para o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste. O traficante teve o cabelo raspado e já usa o uniforme convencional dos presos.
Na avaliação do governador, os policiais que colaboram com o crime “são duplamente marginais” e devem ser presos.
- O policial que se envolve com o crime é duplamente marginal. Tenho certeza de que a grande maioria dos policiais é gente séria, honesta e de bem. Mas se houver a comprovação de que realmente havia recebimento de propina por policiais, vai ser algo muito importante. Além de duplamente marginais, fazem muito mal à sociedade. Além de trair a sociedade, estão matando seus próprios colegas.
- O policial que se envolve com o crime é duplamente marginal. Tenho certeza de que a grande maioria dos policiais é gente séria, honesta e de bem. Mas se houver a comprovação de que realmente havia recebimento de propina por policiais, vai ser algo muito importante. Além de duplamente marginais, fazem muito mal à sociedade. Além de trair a sociedade, estão matando seus próprios colegas.
A Corregedoria da Polícia Civil investiga a presença de um delegado e de dois policiais na prisão do traficante na madrugada de quinta-feira (10). Eles foram acionados pelo advogado de Nem para negociar uma suposta rendição na delegacia da Gávea (15ª DP), na zona sul. Sem acordo, Nem e outras três pessoas foram levadas para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá.
Horas antes da prisão de Nem, quatro policiais - três civis e um militar - e um ex-PM foram presos na Gávea, na zona sul, fazendo a escolta de traficantes que fugiam da Rocinha. Eles teriam recebido R$ 2 milhões para fazer a escolta.
Entre os criminosos que estavam sendo protegidos por policiais estão um traficante conhecido como Coelho; seu braço direito, o Peixe; e o Carré, chefe do tráfico do morro da Coroa (centro). Coelho e Carré eram chefes do tráfico em morros do complexo de São Carlos, na região central, e buscaram refúgio na Rocinha após a implantação da UPP.
Na terça-feira (8), um delegado e outros oito policiais civis e militares foram presos em uma operação que desarticulou um esquema de regalias e propinas que funcionava na carceragem da Polinter em Nova Friburgo, na região serrana. A unidade era conhecida pelos presos como um"verdadeiro spa". Embora já respondesse pelos mesmos crimes na Polinter de Nova Iguaçu, o delegado Renato Soares Vieira permaneceu à frente do Núcleo de Controle de Presos.
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