Por R7
Egípcios indignados com a morte de 74 pessoas num estádio de futebol
realizaram protestos nesta quinta-feira (2), enquanto torcedores e
políticos acusaram a junta militar do país de negligência.
Jovens bloquearam as ruas próximas à sede da TV estatal e a famosa
praça Tahrir, no Cairo, e uma multidão se reuniu na principal estação
ferroviária da cidade para receber torcedores que chegavam de Port Said,
local da tragédia.
Esta foi a pior tragédia na história do futebol egípcio, e o mais
letal incidente no país desde a queda do presidente Hosni Mubarak, há um
ano.
Chega a 188 número de feridos graves em estádio no Egito
Chega a 188 número de feridos graves em estádio no Egito
Pelo menos mil pessoas ficaram feridas na invasão do campo e nas
brigas nas arquibancadas ocorridas na quarta-feira à noite, ao final da
partida entre Al-Masry e Al-Ahli. Testemunhas disseram que muitos
torcedores morreram prensados em portões trancados do estádio.
Políticos criticaram a escassa presença policial num jogo que já era
considerado de alto risco, e alguns acusaram a junta militar de tolerar
ou até causar a briga.
O Parlamento realizou uma sessão extraordinária para discutir a
violência. A Irmandade Muçulmana, que domina a assembleia, disse que uma
mão "invisível" está por trás da tragédia.
Segundo o Ministério do Interior, o tumulto foi provocado por um
grupo de torcedores que desejava deliberadamente causar "anarquia,
distúrbios e corre-corre".
Centenas de pessoas se reuniram nos arredores do estádio nesta
quinta-feira gritando "Port Said é inocente, isto é uma conspiração".
Críticos frequentemente acusam o Exército egípcio de semear a
discórdia para solapar a transição para um regime civil, que os
militares prometem para meados deste ano.
Ativistas convocaram uma passeata para a tarde desta quinta-feira,
indo da sede do Al Ahli, no centro do Cairo, até o Ministério do
Interior.
"O conselho militar quer provar que o país está se dirigindo para o
caos e a destruição. Eles são homens de Mubarak. Estão aplicando a
estratégia dele quando ele disse: 'Escolham entre mim e o caos'", disse o
técnico de laboratório Mahmoud el Naggar, 30, membro da Coalizão da
Juventude Revolucionária em Port Said.
O marechal Mohamed Tantawi, chefe da junta militar, concedeu uma rara
entrevista telefônica ao canal de TV pertencente ao Al Ahli, prometendo
identificar os culpados pela tragédia. O Exército anunciou três dias de
luto oficial.
"Lamento profundamente o que aconteceu na partida de futebol em Port
Said. Ofereço minhas condolências às famílias das vítimas", afirmou
Tantawi em declarações transmitidas pela TV estatal.
Mas isso não aplacou a ira dos torcedores. "O povo quer a execução do
marechal", gritava a multidão na estação ferroviária do Cairo. "Vamos
assegurar os direitos deles, ou morreremos como eles."
Trens do metrô da capital do Egito chegam abarrotados de torcedores vindos de Port Said:
grupo segue para o centro do Cairo para protestar
Trens do metrô da capital do Egito chegam abarrotados de torcedores vindos de Port Said:
grupo segue para o centro do Cairo para protestar
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