Ao menos 500 pessoas ficaram feridas nesta quinta-feira (2), em
consequência dos protestos que se seguiram após a tragédia da
quarta-feira (2) na partida de futebol em Port Said no Egito.
Egípcios indignados com a morte de cerca de 70 pessoas no estádio de
futebol realizaram protestos nesta quinta, enquanto torcedores e
políticos acusaram a junta militar do país de negligência.
Praça Tahrir
Jovens bloquearam as ruas próximas à sede da TV estatal e a famosa
praça Tahrir, no Cairo, e uma multidão se reuniu na principal estação
ferroviária da cidade para receber torcedores que chegavam de Port Said,
local da tragédia.
Agentes da tropa antichoque da polícia egípcia entraram em confronto
com torcedores do clube de futebol Al-Ahly nos arredores do Ministério
do Interior do Egito.
A polícia disparou gás lacrimogêneo para tentar dispersar a multidão,
enquanto os manifestantes lançam pedras na rua Mohammed Mahmoud,
próxima à praça Tahrir.
No início, os disparos de gás eram esporádicos, mas passaram a ser
cada vez mais frequentes. Era possível ouvir sirenes de ambulâncias na
área.
A primeira linha de contenção dos manifestantes foi formada pelos
seguranças do Ministério do Interior. Na retaguarda, ao lado do prédio
governamental, estavam veículos blindados do Exército egípcio.
Os confrontos se concentram na rua Mohammed Mahmoud, que em novembro
sofreu violentos distúrbios em protestos contra a Junta Militar egípcia,
e nas redondezas, onde todos os estabelecimentos comerciais fecharam as
portas.
Os torcedores do Al-Ahly estavam acompanhados por torcedores de
outros clubes e de manifestantes opositores à cúpula militar que dirige o
Egito, acusam as forças de segurança de terem consentido o massacre do
estádio de Port Said.
"Abaixo o regime militar", gritava a multidão ao ver os corpos cobertos sendo retirados dos trens que chegavam de Port Said.
Esta foi a pior tragédia na história do futebol egípcio, e o mais letal incidente no país desde a queda do presidente Hosni Mubarak, há um ano.
Esta foi a pior tragédia na história do futebol egípcio, e o mais letal incidente no país desde a queda do presidente Hosni Mubarak, há um ano.
Pelo menos mil pessoas ficaram feridas na invasão do campo e nas
brigas nas arquibancadas ocorridas na quarta-feira à noite, ao final da
partida entre Al-Masry e Al-Ahli.
Testemunhas disseram que muitos torcedores morreram prensados em portões trancados do estádio.
Testemunhas disseram que muitos torcedores morreram prensados em portões trancados do estádio.
Políticos
Políticos criticaram a escassa presença policial num jogo que já era
considerado de alto risco, e alguns acusaram a junta militar de tolerar
ou até causar a briga.
O Parlamento realizou uma sessão extraordinária para discutir a
violência. A Irmandade Muçulmana, que domina a assembleia, disse que uma
mão "invisível" está por trás da tragédia.
Segundo o Ministério do Interior, o tumulto foi provocado por um
grupo de torcedores que desejava deliberadamente causar "anarquia,
distúrbios e corre-corre".
Centenas de pessoas se reuniram nos arredores do estádio nesta
quinta-feira gritando "Port Said é inocente, isto é uma conspiração".
Críticos frequentemente acusam o Exército egípcio de semear a
discórdia para solapar a transição para um regime civil, que os
militares prometem para meados deste ano.
Ativistas convocaram uma passeata para a tarde desta quinta-feira,
indo da sede do Al- Ahli, no centro do Cairo, até o Ministério do
Interior.
"O conselho militar quer provar que o país está se dirigindo para o
caos e a destruição. Eles são homens de Mubarak. Estão aplicando a
estratégia dele quando ele disse: 'Escolham entre mim e o caos'", disse o
técnico de laboratório Mahmoud el Naggar, 30, membro da Coalizão da
Juventude Revolucionária em Port Said.
O marechal Mohamed Tantawi, chefe da junta militar, concedeu uma rara
entrevista telefônica ao canal de TV pertencente ao Al-Ahli, prometendo
identificar os culpados pela tragédia. O Exército anunciou três dias de
luto oficial.
"Lamento profundamente o que aconteceu na partida de futebol em Port
Said. Ofereço minhas condolências às famílias das vítimas", afirmou
Tantawi em declarações transmitidas pela TV estatal.
Mas isso não aplacou a ira dos torcedores. "O povo quer a execução do
marechal", gritava a multidão na estação ferroviária do Cairo. "Vamos
assegurar os direitos deles, ou morreremos como eles."
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