" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



segunda-feira, 18 de julho de 2011

É preciso ter um lado














Ideologia! Eu quero uma pra viver... Assim cantava o poeta Cazuza.  O artista enxergava longe e nesta canção foi político e principalmente filosófico. Todos precisamos de uma crença, uma ideia, um projeto, uma igreja ou um partido, amigos, ídolos ou uma ideologia pra viver. Estão enganados os que pregam o fim das ideologias. O socialismo utópico ou o comunismo burocrático podem ter se revelado inviáveis, no entanto os sonhos de uma sociedade mais justa, de um mundo melhor, a esperança de melhores dias, isso ninguém pode tirar das pessoas, pois se isso for feito elas vão se entregar totalmente ao álcool, às drogas pesadas, à corrupção, a outros tipos de crime e teremos o vazio ou a barbárie.

Saindo desse campo mais filosófico, vindo para as situações reais, perto do nosso dia a dia, eu quero dizer que é preciso ter lado! É necessário assumir posições. Homens e mulheres que vivem em cima do muro ou pulando de galho em galho perdem respeito e credibilidade. Veja o caso de Marco Maciel, Roberto Magalhães, José Tinoco, Ivo Amaral, José Mendonça Bezerra e Mendoncinha. Podem ser de direita, ter os seus defeitos, ter compactuado com o regime militar e práticas políticas condenáveis, mas sempre tiveram um norte, um lado e permaneceram fieis aos seus ideais, a sua ideologia.

Do outro lado do espectro político o mesmo se pode dizer de Leonel Brizola, Gregório Bezerra, Miguel Arraes, Ivan Rodrigues, Humberto de Moraes, Samuel Salgado e Antônio de Pádua. Sofreram a opressão, a calúnia, a incompreensão, porém permaneceram firmes na luta, na defesa do que acreditavam, alguns deles se tornando mito não porque a mídia fabricou e sim porque o povo viu neles a figura de heróis e consagrou alguns desses nomes como tais.

Estamos vivendo um tempo em que as pessoas procuram enganar a si mesmos e aos outros talvez iludidos com a tese de que a ideologia acabou. E está cada vez mais difícil encontrar quem tenha um lado, mantenha a coerência, resista à tentação de se juntar aos poderosos de plantão. O leitor me responda, por favor: faz sentido o ex-deputado André de Paulo, formado na escola de Marco Maciel, hoje estar na base aliada de Eduardo Campos? Dá para entender João Mendonça brigando com o primo e se bandeando para o lado do governador? Você acredita que Márcio Quirino ou Silvino Andrade já foram socialistas algum dia?

Nesse ponto, sou como alguns matutos da minha querida Capoeiras. Eles não toleram quem vive "mudando de lado", quem não tem posição. E respeitam quem se mantém firme, sem vender a consciência nem a força física. Sou uma pessoa de esquerda, como meus leitores sabem. Votei a vida toda em figuras como Arraes, Jarbas (quando era do lado de cá), Cristina Tavares, Lívio Valença, Marcos Freire, Lula, Lula, Lula, Lula e Dilma.

Acredito que tenho um lado, não vivo virando casaca. Repeito, contudo, os homens de direita (desde que não sejam nenhum Bolsonaro) com um mínimo de seriedade e que permanecem em seus postos, lutando por suas ideias. Marco Calado, de Angelim; Álvaro Porto, de Canhotinho, Ivo e Tinoco, de Garanhuns; Mendonça Filho, de Belo Jardim; Gustavo Krause, Maciel e Magalhães, do Recife, embora nunca tenham tido o meu voto ou a minha simpatia política merecem respeito. Pelo menos enquanto permanecerem fieis a um ideal, tiverem um lado, souberem demarcar o terreno onde pisam.

Os políticos não são todos iguais. Alguns tem defeitos. Outros não valem nada. Quem quiser que bote a carapuça.

Roberto Almeida

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