Durante a inauguração da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Mangueira (zona norte do Rio), na tarde desta quinta-feira (3), o governador Sérgio Cabral anunciouinvestimento de R$ 100 milhões em obras e citou a ocupação da PM como o “fim da cultura do terror”. As promessas, porém, não foram totalmente digeridas pela população.
Apesar de admitirem que a vida melhorou após o início da pacificação, em junho, quando policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do Batalhão de Choque tomaram a favela, os moradores ainda têm medo de que a nova realidade dure pouco.
Aos 58 anos, Dona Jacira Nunes Sobral comemora o fato de poder levar o neto Lucas, de oito anos, para brincar em uma praça na localidade conhecida como Candelária, mas duvida que esse “privilégio” continue após a Olimpíada de 2016.
- Claro que está legal. A gente se sente mais seguro. Mas não tem como acreditar no que falam. Já escutamos tanta coisa e nada foi feito. Assim que esses eventos acabarem, eles (PMs) vão embora. Não queremos só maquiagem.
Dona Fátima Gonçalves, que ouviu as declarações de Jacira e pediu a palavra, reforçou as palavras da amiga. Ela ainda pediu que o dinheiro investido seja direcionado à saúde.
- Eu tenho 60 anos e não tenho direito como ir ao médico. Tenho que andar lá para o outro lado da comunidade, perto da quadra da escola de samba. O morro é grande, temos de ter opções, mais coisas aqui.
Luciano Werneck, de 24 anos, é um pouco mais otimista do que Jacira e Fátima, mas não chega a esbanjar confiança em uma “nova vida”. A sensação de segurança levada pelos policiais permite que o vendedor jogue o futebol semanal sem o medo de antes, mas ele prefere não criar grande expectativa.
- Por enquanto está legal. Antes, tinha muita gente armada por aí, a gente tinha medo de sair na rua. Hoje está tudo bem melhor, mas acho que isso não deve ser para sempre. Tenho receio que o tráfico volte e as coisas sejam como antes. Não sei se vale a pena acreditar.
Rogério Seabra, comandante-geral das UPPs e o capitão Leonardo Nogueira, comandante da unidade da Mangueira, receberam com naturalidade a desconfiança dos moradores.
Segundo Seabra, trata-se de um processo natural, mas ele diz ter certeza de que o tempo fará com que todos mudem de ideia.
- Eles estão receosos, isso acontece mesmo e aconteceu nas outras 17 UPPs. Mas logo eles vão conhecendo tudo, se adaptando e verão que não é assim. Nós viemos para ficar.
O capitão Leonardo Nogueira acredita que fatos vividos no passado fizeram com que a população perdesse a confiança na polícia.
- Temos de resgatar a confiança e o apoio da comunidade. Nós viemos aqui para ajudar. Com o tempo, vamos mostrar que o projeto é coisa séria e que vai tornar a comunidade melhor hoje, amanhã e depois.
Não temam!! Denuncie! Estamos Juntos !!!!
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