Ciro Gomes (PSB), ex-governador do Ceará e ex-candidato a presidente da República, participou do programa 'Poder e Política - Entrevista', conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues. A gravação ocorreu ontem, no estúdio do Grupo Folha em Brasília. O projeto é uma parceria do UOL e da Folha. Confira trechos da entrevista em que Ciro cita o ministro Fernando Bezerra Coelho e diz que considera-se mais forte que o governador Eduardo Campos para a disputar a presidência da República pelo PSB. A primeira parte da entrevista, em que Ciro se coloca como candidato do PSB, foi postada neste blog às 5h52.
Folha/UOL: O seu partido tem dois ministros no governo. O sr. acha que PSB pode ser o próximo a ser, enfim, atacado?
Ciro Gomes: O PSB tem um padrão. O comportamento dos nossos quadros, por média, ou por regra mesmo, é um comportamento de gente muito cuidadosa. De gente muito decente. Você tem aí as pessoas que ocuparam ministérios... Eduardo Campos... Eu acho que à essa altura, 33 anos de vida pública limpa, eu posso dizer “eu”. Eu tive que fechar o Ministério da Integração Nacional tamanho o balcão de esculhambação que aquilo era, quando eu assumi no governo do Lula. Tinha essas maluquices: capacitação profissional. Isso é um negócio de maluco. Milhões de reais entregues a picaretas, ONGs etc e tal que fazem lá um arremedo de coisas... Enfim, dinheiro pelo ralo. O Leônidas [José Leônidas Cristino, do PSB] nos Portos também tem uma história não muito conhecida ainda em Brasília, mas é uma história de retidão e tal. O Fernando Bezerra Coelho [do PSB, ministro da Integração Nacional do governo Dilma] também tem se comportado. O que eu quero dizer é que qualquer pessoa pode se corromper. Isso está na premissa do “L’Esprit de Loi”, do Montesquieu. O poder corrompe, o poder total. Corrompe totalmente, por isso tem que haver controles. Controles, supervisão. Ninguém está imune a se corromper tendo o poder na mão.
Folha/UOL: No começo, na montagem do governo da presidente Dilma Rousseff, o sr. recebeu uma proposta para ser ministro da Integração Nacional, acabou não aceitando, queria o ministério da Saúde. O que aconteceu?
Ciro Gomes: É, vai virar verdade para o resto da vida a história que eu queria ministério. Eu não queria ministério nenhum. Tanto que eu não aceitei participar do governo Lula no segundo [governo de Lula]. Por mais honrado que tenha sido com sequenciais convites.
Folha/UOL: O sr. mencionou que saiu da corrida presidencial em 2010. Foi forçado a isso pelo seu partido e pelo então presidente Lula, que trabalhou muito para que o sr. não fosse candidato.
Ciro Gomes: Eu fui tirado. É.
Folha/UOL: Eduardo Campos [governador de Pernambuco e presidente Nacional do PSB] tem qual futuro na política na sua opinião?
Ciro Gomes: Qualquer coisa. O cara que está governando o Estado de Pernambuco, um Estado complexo, com o êxito com que ele está governando... está adquirindo os dotes para ser candidato a qualquer coisa.
Folha/UOL: Ele é o candidato potencial mais forte à Presidência da República fora do arco de alianças que hoje...
Ciro Gomes: Hoje o mais forte ainda sou eu. Mas ele tem potencial para superar tranquilamente. Por uma circunstância, não é falta de modéstia. É estrada. Estrada nacional. Até você conhecer 380 municípios de Minas Gerais demora um tempo. Você estar pessoalmente em mais de 200 municípios do Rio Grande do Sul, conhecer problemas da metade Sul, alternativas de economia para o colapso do criatório do gado intensivo, a competição desigual do arroz do Uruguai, do arroz do Rio Grande. Ou conhecer o que está acontecendo no Vale do Jequetinhonha, o arranjo produtivo da cachaça, ou o arranjo produtivo de gemas e jóias que tem uma carga tributária absolutamente estúpida e tal ou qual é o impacto da BR 163 na conexão do Mato Grosso com Santarém, Cuiabá-Santarém, isso demora. Demora e exige testemunho, visão e tal. Assim como o Vale do Ribeira em São Paulo também, cuja ponte lá concluída por meu amigo que vos fala. Engraçado nessa altura do campeonato.
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