Portal de Entrada para rodovia que leva à cidade de Miguel Leão no Piauí
Por Cláudio Santos
Dois municípios do Piauí ocupam as últimas posições entre as menores
economias do país, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a
2010.
Os dois municípios estão próximos à capital,
Teresina (Foto: G1)
Teresina (Foto: G1)
Com 2,19 mil habitantes, Santo Antônio dos Milagres
registrou o menor PIB entre os cerca de 5,5 mil municípios brasileiros:
R$ 7,236 milhões. Já a cidade de Miguel Leão, que tem 1.252 habitantes,
ficou em penúltimo lugar no ranking dos maiores PIBs, com R$ 8,792
milhões. O valor do PIB expressa o total de riquezas geradas no
município ao longo de todo o ano.
Somados, os PIBs dos 1.325 municípios mais pobres do país correspondem a
cerca de 1% dos R$ 3,77 trilhões gerados no Brasil em 2010. Só o PIB de
São Paulo, o maior entre os municípios, equivale a cerca de 50 mil
vezes o de Miguel Leão.
Moradora de uma casa de taipa em Miguel Leão, a 88 quilômetros de
Teresina, a dona de casa Deodora Dias da Silva vive com os R$ 110 que
recebe de um programa social federal. “Meu esposo trabalha em uma
pequena lavoura e é de lá que colhemos o arroz e o feijão para
comermos", diz ela. "Às vezes, a colheita não é boa e sobrevivemos com a
ajuda dos outros”, diz a dona de casa.
Dona de casa, Deodora Dias da Silva, de 61 anos, conta que sua renda não passa dos R$ 110 por mês
De acordo com Antônio José de Abreu (PT), que é vereador na cidade, a
maioria da população recebe algum tipo de auxílio. "Nossa economia se
baseia nos recursos distribuídos através dos programas do governo
federal e dos salários pagos aos funcionários da prefeitura", diz ele.
Segundo dados do site
da Caixa Economica Federal, de dezembro de 2012, 206 famílias do
município de Miguel Leão são atendidas pelo programa Bolsa Família.
Sem coleta, moradora joga lixo no quintal de casa,
no Centro de Miguel Leão
no Centro de Miguel Leão
Jaqueline de Sousa é professora da rede municipal de ensino. Ela diz
que está há três meses sem receber salário. “A última vez que recebi meu
salário foi em agosto de 2012. Desde então não recebo pelas aulas que
leciono", reclama. "Continuo indo à escola por causa do amor que sinto
pelos alunos e sei que sem dar aulas eles serão prejudicados”, diz. O G1 Piauí procurou o atual prefeito de Miguel Leão, José Angerry Pereira de Sousa, que está viajando e não quis se pronuciar.
Instalações precárias
Além da falta de pagamento, professores e coordenadores do Centro de Referência e Assistência Social (Cras) reclamam da precariedade das instalações dos prédios públicos da cidade. “Não há vigias e tudo está quebrado", diz Francisca da Luz, coordenadora do centro de apoio.
Além da falta de pagamento, professores e coordenadores do Centro de Referência e Assistência Social (Cras) reclamam da precariedade das instalações dos prédios públicos da cidade. “Não há vigias e tudo está quebrado", diz Francisca da Luz, coordenadora do centro de apoio.
Ela conta que outro edifício, usado pelo Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil (Peti), também está em condições ruins. "Não é servida
a merenda escolar para os alunos, que nem ao menos têm cadeiras para
sentar", diz ela. "Há uma piscina que só foi usada na inauguração e que
hoje se encontra sem proteção e abandonada, representando um risco para
os alunos”, reclama.
Sobre os problemas encontrados na sede do Peti, o G1 Piauí
entrou em contato com a secretária de Assistência Social do município,
Regina Maria de Sousa Araújo, mas ela não quis dar declarações.
A sede do Executivo e do Legislativo enfrentam os mesmos problemas do
Peti. “A prefeitura e a Câmara Municipal tiveram a energia cortada em
abril de 2011 por falta de pagamento", diz o vereador Antônio Abreu, que
relata, ainda, que processos na Justiça bloquearam as contas do
município. "Tudo isso está gerando vários problemas para a população”,
afirma. Ele também conta que não há coleta de lixo desde setembro de
2011. “As pessoas jogam o lixo no quintal de casa ou carregam até o
lixão, que fica ao lado do campo de futebol, no Centro”.
Prédio usado por crianças está em condições ruins e piscina está abandonada
Morador de Miguel Leão há mais de 10 anos, o aposentado Raimundo
Carvalho Araújo Filho também reclama. "Temos o posto de Saúde da Rua
Gameleira que começou a ser construído em 2004 e até este ano não foi
concluído”, diz.
Posto de Saúde começou a ser construído em
2004 e nunca foi concluído
2004 e nunca foi concluído
Antônio José de Abreu, que faz parte da oposição ao atual prefeito,
afirma que a saúde do município também é precária. "O médico não
trabalha diariamente e temos duas ambulâncias que estão quebradas.
Inclusive, uma delas está encostada há meses em uma Cerâmica que é de
propriedade do atual grupo político que comanda a cidade. A outra está
quebrada e estacionada na porta de um sítio na BR 316 próximo a cidade
de Teresina”, relata.
Funcionários da Prefeitura foram procurados para dar mais informações
de outros órgãos da atual administração, mas não quiseram falar à
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