" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A adolescência e a violência





Antigamente, adolescente era o indivíduo com idade a partir dos 12 anos. Hoje, como já vimos a OMS considera essa fase desde os 10 até os 19 anos.

Isso faz sentido, porque o mundo acelerou. Atualmente, recebe-se a informação de modo mais rápido; há precocidade sexual. Aos 10 anos, as meninas usam roupas jovens e até sensuais. Algumas se maquiam, falam em “ficar” e sair para a “balada”. Infelizmente, também começam a beber cedo, e algumas experimentam algum tipo de droga antes mesmo dos 12 anos.

Quanto aos horários, todos se perderam. Um grande número de showsrealiza-se depois das 22 horas, sendo permitida a entrada de menores.

Esta é uma fase em que ocorre certa transgressão; alguns conceitos se tornam frágeis. Os adolescentes envolvem-se em algumas brigas, fazem muita oposição, retrucam, e é aí que temos de agir.

A maioria dos adolescentes, no que concerne a esse período de certa rebeldia, acaba, com o tempo e o auxílio dos pais e professores, introjetando regras e normas, moldando-se a uma vida equilibrada, assumindo suas responsabilidades e socializando-se. Contudo, é uma época de alerta e que requer atenção, pois, como vimos, alguns se perdem na delinquência, envolvem-se doentiamente com drogas, abandonam os estudos, morrem, matam e adotam a vida do crime.

Vimos também que vários fatores predispõem ao surgimento da delinquência, tais como família desorganizada e pais permissivos, autoritários e/ou ausentes.

Nada surge sem uma causa. A relação entre pais e filhos começa desde a vida intra-uterina, e, mesmo que um dia se confirme a informação genética de uma violência doentia, o meio é determinante: se educarmos bem, a tendência será de filhos preparados para o mundo. Lembre-se de que, até os 10 anos, os filhos recebem influência maior dos pais, e será ótimo se essa relação tiver sido respeitosa e civilizada. Todavia, isso não é garantia de que não mudarão o comportamento.

Quando o jovem entra na adolescência, os amigos passam a ter uma importância enorme para ele. Os jovens espelham-se uns nos outros e sofrem influência social, podendo estremecer os conceitos e a forma de relacionar-se, que se tornam diferentes daqueles que foram aprendidos em casa. Aborrecem-se e frustram-se à menor contrariedade. Julgam-se donos de sua conduta. Recusam-se a sair com os pais de mãos dadas ou abraçados. É a adolescência.
  

Adolescência – como defini-la hoje?

Mudanças vêm sucedendo nos últimos tempos. A adolescência começava por volta dos 12 anos – idade em que geralmente ocorria a menarca (primeira menstruação) – e terminava aos 18 anos. Nos dias atuais, vários fatores têm contribuído para a antecipação da adolescência, desde a alimentação melhor até a agilidade dos meios de informação.

Tudo está mais rápido. A globalização dos hábitos, as exigências sociais e a institucionalização precoce das crianças colaboram para esse fenômeno da aceleração do desenvolvimento. Nessas formas mais rápidas de adolescer, encontramos também mais problemas.

Há várias etapas difíceis na vida, que envolvem nascer, adolescer, ser adulto, envelhecer e morrer.

Lidar com um corpo maior, deixar de ser criança, ter opiniões são situações difíceis para os adolescentes e para os pais que acompanham diferentes fases, em especial esta, pois ficam perdidos entre um filho dócil, meigo, e que agora os troca pelas “baladas”, sofrendo por causa dos perigos que, concomitantemente, também cresceram.

De acordo com dados que estão inseridos nesta matéria, um dos grandes tormentos é a mortalidade por causas externas: homicídios, suicídios e acidentes. Parece uma guerra declarada.

Fica claro que o envolvimento dos jovens com o crime é fato também para os de classe média. As mortes decorrem de conflitos em bares e bailes, de brigas e de problemas psiquiátricos. Observa-se na infância e na adolescência: a relação da violência e problemas da desorganização das famílias, problemas escolares, desigualdade social, injustiça etc.

A adolescência pode ser muito difícil para quem demonstrou fragilidades no curso da vida, principalmente por ser uma fase de mudanças químicas e hormonais. O surgimento de distúrbios psiquiátricos é comum: depressão agressiva, anorexia, esquizofrenia e  outras doenças mais.

Observa-se também, nessa época, que muitos adolescentes se recusam a crescer e que alguns pais, sem perceber, colaboram, pois não aceitam “perdê-los” como crianças. Talvez essa ação, em conjunto, contribua para os suicídios e as violências.

“Ficar”, namorar e transar sempre foram o desafio da adolescência, hoje acrescido das drogas, das bebidas, das baladas, dos celulares, das roupas e dos sapatos de grife. O consumismo é exagerado, ou seja, o jovem tem de usar e possuir determinados objetos e utensílios enfatizados pela moda. O adolescente é, hoje, uma pessoa que não pode esperar: suas realizações são imediatas e, muitas vezes, via violência.

Alguns pais se assustam tanto com a violência que colocam medos exagerados e superprotegem os filhos para que não venham a adolescer.

Os adolescentes são diferentes uns dos outros, porém, nem todos experimentam dificuldades e problemas com a violência, bem como a duração da fase varia de pessoa para pessoa. Apesar disso, alguns precisam de agentes que atenuem as dificuldades. Esses agentes têm sido o álcool e as drogas, cujo consumo, ao contrário do que se apregoa, cresce no mundo inteiro. Os piercings e as tatuagens são sinais, às vezes, provocativos, por meio dos quais os adolescentes querem mostrar que são “donos do nariz” e do corpo.

O psicólogo Erik Erikson dizia sobre o adolescente: “Não sou o que deveria ser e tampouco o que tenho intenção de ser, mas não sou mais o que era antes.”

A busca da identidade pode ser fornecida pelo grupo cuja linguagem, roupa e postura se assemelham. É uma forma de o adolescente distanciar-se dos pais e tomar um lugar no vazio social, pois muito do que foi previsto não lhe convém, e é aí que reside uma parte da transgressão do “ser delinquente” , até que em certo grau construtivo para a liberação da infância.

Os pais devem aceitar que suas crianças se estão tornando adultas e saindo do casulo, pois muitos jovens agressivos apresentam dificuldades em adquirir a verdadeira independência. Às vezes, há obstáculos inconscientes pelos genitores.

Os adolescentes precisam de adultos que os ajudem, que possam explicar e orientar sem assumir um tom professoral. Não concordar não implica humilhar e, quando os jovens criticam e fazem oposições, deve-se escutar com paciência e incentivar diálogos – nunca se esquecendo de que limite é bom e todo adolescente necessita dele.

Um bom indício de que a adolescência está encurtando é quando se descobre o amor. Este é um importante sinal de subjetividade e de diminuição do egocentrismo. O adolescente aprende a admirar e perceber o outro, desenvolvendo a empatia e o afeto. O meio-termo passa a ser considerado e isso o torna meigo e altruísta.

  
Haroldo Lopes

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