" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



domingo, 23 de outubro de 2011

Colocionador de escândalos,assessor de Orlando Silva tentou inocentar PM João Dias



A reportagem publicada pela revista Veja neste fim de semana traz um nome importante na história de escândalos que abala a reputação do gestores do Ministério do Esporte antes e depois da nomeação de Orlando Silva como titular.
O nome do homem que toma conta de todo o dinheiro do ME está escrito no ofício que tentou inocentar o PM João Dias, delator e acusado por desviar dinheiro do programa Segundo Tempo. Trata-se de José Lincoln Daemon, nomeado em 2003, como gestor financeiro, quando o ministro era o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (ex PC do B e atual PT).
Orlando e Agnelo serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido do procurador geral da República, Roberto Gurgel. O pedido inicial foi feito pelo próprio Orlando Silva.
Naquele ano de 2003, Orlando era secretário executivo do ME. Lincoln Daemon passou a ocupar o cargo estratégico de subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração. Por sua sala passam todos os contratos, licitações, convites comerciais milionários e propostas de pagamentos dos últimos oito anos.
Além de cuidar dos contratos mais suspeitos e de liberar gastos sem a exigência de licitação, Lincoln Daemon foi o responsável direto pelo último escândalo denunciado pelo policial militar João Dias, dono de uma ONG que mantinha convênio com o ME desde 2005.
Desvio de dinheiro
Acusado de ter desviado alguns milhões do programa Segundo Tempo, João Dias passou a ser investigado internamente pela Polícia Militar do DF. Respondendo a questionamento do inquérito militar, Ana Augusta Barroso da Costa, técnica do Ministério do Esporte, escreve para não deixar dúvidas quanto à reputação do dono da ONG.
“Há indícios de desvios do dinheiro aportado, pactuado em convênio... desvio de finalidade e sugerimos a rescisão contratual”.
Quando soube do ofício, João Dias se sentiu traído e teve uma reunião com o chefe do programa Segundo Tempo, segundo apurou a revista Veja. A conversa com Fábio Hansen foi gravada pelo militar. Entre outras coisas, o funcionário do ministério do Esporte menciona que “Agnelo ficou p... e me chamou de moleque”.
Para ajudar o policial militar, Hansen sugere uma fraude de documentação, enviando um outro ofício aos investigadores da Polícia Militar, revogando a suspeita e ampliando o prazo para prestação de contas.
O segundo ofício retirando a acusação de desvio de dinheiro das costas de João Dias foi assinado quatro dias depois do primeiro.
“Serve o presente para solicitar a Vossa Senhoria que desconsidere o teor do ofício 229/2008 de 02/04/2008 ... Dão prazo até 30/04/2008 para apresentação de novos documentos, fato este que enseja novas avaliações das prestações de contas”.
Quem é Lincoln Daemon
Auditores do Tribunal de Contas da União quiseram multar o burocrata do Ministério do Esporte por má gestão do dinheiro público. Os auditores descobriram que o consórcio Copa-2014 estava e continua sendo pago “sem que os serviços prestados sejam medidos antes do pagamento”.
Quatro funcionários do ME foram chamados para esclarecimentos mas todos deram exatamente a mesma resposta, advogando em nome das empresas que estariam recebendo sem entregar o serviço.
Em 13 de setembro de 2011, UOL Esporte publicou um dossiê envolvendo a contratação das empresas consorciadas desde 2009. Iniciado a um custo de R$ 13 milhões, o serviço que não pode ser medido ganhou três aditivos e já custa mais de R$24 milhões. No total, as empresas devem faturar mais de R$40 milhões.
“O caso parece ser emblemático na arte de construir um edital de licitação como se pretendesse beneficiar apenas algumas empresas do mercado. As quatro felizardas são: Galo Publicidade e Marketing (São Paulo), Value Partners do Brasil, Value Partners Consulting (com sede em Milão e em Londres, respectivamente) e a Enerconsult (São Paulo), diz reportagem.
Depois do trabalho feito pelos auditores, o ministro Valmir Campelo descobriu em acórdão que o TCU tinha ‘função mais educativa” e que o tribunal “teria de ajudar o governo na organização da Copa 2014”.
Uma rápida pesquisa processual poderia revelar que José Lincoln Daemon é um velho conhecido dos auditores do tribunal. Ele é chefe financeiro que assinara a compra sem licitação de equipamentos de informática pelo Ministério do Desenvolvimento Industrial, entre 2001 e 2002. O nome de Lincoln Daemon está no acórdão 1558/03.
Lula Marques/Folhapress
Como não poderia ser diferente, todos os processos envolvendo os Jogos Pan-Americanos de 2007 também passaram pela sala de Lincoln Daemon.
As denúncias do TCU por má gestão do consórcio Copa-2014 foram enviadas ao Ministério Público Federal e Controladoria Geral da União, mas nenhum procedimento policial foi aberto.
Lincoln Daemon parece gozar de total confiança da cúpula do Ministério do Esporte e de outros setores do governo federal, desde 2001.
No dia 20 de novembro de 2003, por exemplo, o secretário executivo Orlando Silva nomeia o funcionário para “praticar atos de gestão orçamentária e financeira dos recursos à conta do Ministério do Esporte”.
No mesmo dia, o então ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, nomeia José Lincoln Daemon e Márcio Leão Coelho como gestores titular e substituto dos contratos celebrados entre o ministério do Esporte e a Caixa Econômica Federal. Por esses contratos, passam obras esportivas de todas as prefeituras brasileiras como quadras, ginásios, piscinas, praças esportivas, vestiários,etc.
Lincoln Daemon e Márcio Coelho cuidam do dinheiro dos programas Segundo Tempo, Esporte Solidário, Esporte na Escola e Brasil Potência Esportiva. Só o Segundo Tempo receberá cerca de R$ 230 milhões, em 2012.
É da autoria de Lincoln Daemon, por exemplo, obra de compra (sem licitação) de serviço para “descobrir qual seria o legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007”. O trabalho de garimpo custou aos cofres públicos a bagatela de Valo R$ 12.977.250,00 .
O gasto sem licitação contemplou também a Fundação Instituto de Administração. O texto reflete a arte da retórica genérica.
O contrato com a fundação ordena: “prestação de serviços de consultoria de estudo sobre o legado dos jogos Pan-Americanos; apoio na implantaçao do plano estratégico de ações governamentais na elaboraçao do dossiê com vistas à candidatura aos Jogos Olimpicos de 2016 - PEAG; Apoio ao Gerenciamento da Ações do Governo Federal na candidatura Rio 2016; fornecimento e implantaçao de sistema informatizado de apoio à gestão estratégica; e concepção e implantação de curso de capacitação”.
Outra dispensa de licitação (89/2008) beneficia a Fundação Getúlio Vargas e também traz a assinatura de Lincoln Daemon. O suposto objetivo contratual é o seguinte: “prestação de serviços de consultoria técnica especializada para a elaboração de sistema de orçamentação e de estudos em instalações esportivas e acomodações, necessários para apoiar a atuação do Governo Federal na candidatura Rio 2016”. Custo do trabalho: R$ 11.975.000,00.
Em outubro de 2010, o jornalista José Cruz publica em seu blog que o Tribunal de Contas da União suspeitava de desvios de dinheiro público na assinatura do contrato entre o Ministério do Esporte e a Fundação Instituto de Administração. O Tribunal determina:
“Aprofundar a análise do Contrato nº 64/2009 quanto à existência de dano ao erário, e seja realizada a citação e/ou audiência dos responsáveis arrolados a seguir, pela aprovação da justificativa de preços e pela celebração do Contrato nº 64/2009 com a Fundação Instituto de Administração, ante os indícios de contratação antieconômica para a Administração”.
Além de José Lincoln Daemon são citados outros executivos do Ministério do Esporte: Rui Batista dos Reis (Assessor Técnico), pela elaboração do parecer de aprovação, Ricardo Leyser Gonçalves (Secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento) e Wadson Nathaniel Ribeiro (Secretário Executivo do Ministério do Esporte), pela manifestação de acordo com o parecer.
Do UOL

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