" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Reflexão:O medo da separação





Quando nos apaixonamos, algo muito diferente acontece em nossas vidas: sentimo-nos alegres, dispostos e otimistas.
A pessoa amada nos é tão importante e próxima que nos faz sentir como unidade, a exemplo do dito popular: “Encontrei minha cara metade ou minha alma gêmea.” Este sentimento tão maravilhoso entre duas pessoas é vivido ou percebido como algo fechado e absoluto a ponto de não se sentir aversão ou  nojo com a proximidade dos corpos e das secreções.

Nos primeiros anos de vida, não sabemos bem o que somos apenas percebemos pessoas maravilhosas que nos amam e nos protegem, a exemplo dos nossos pais e irmãos.
Por volta dos 4 anos, algo de muito importante nos ocorre: a definição da nossa identidade sexual.
Sendo esta identificação sexual, por exemplo, feminina, a garotinha começa a vestir-se e comportar-se como tal. Porém, terá de sepultar tudo que tinha percebido como masculino naquilo que chamamos de: inconsciente.
Na realidade, possuíamos características bissexuais e no momento em que nos identificamos como masculino ou feminino a outra parte vai para o arquivo inconsciente já mencionado.

O filósofo grego Platão dizia: “O homem era um andrógeno divino, os deuses se enfureceram e o dividiram em: homem e mulher.” Originando uma eterna busca para voltar à origem da androgenia.

Quando nos apaixonamos, é como se, inconscientemente, aquele lado que enterramos no passado, ressuscitasse. Não percebemos, mas estamos felizes porque novamente vivencia-se, através do outro, a alegria da unidade e do sentimento de estar completo. Apaixonamo-nos por nós mesmos através da presença do ser amado que serve como referência da nossa bissexualidade.

Portanto, como o casamento nem sempre é eterno e hollywoodiano, muitas pessoas sabem desta realidade, mas algo as impede de tomar a decisão e separar-se. Pois, a separação teria como pano de fundo o medo de não mais experimentar sua bissexualidade e ter de voltar a procurar uma nova cara metade gerando angústia e insegurança. Daí o ditado: “Antes de mal acompanhado do que só.”
Outros fatores podem influenciar na decisão de não se separar, exemplo: o medo que o outro encontre primeiro a alma gêmea e o pior, quando uma das pessoas funciona como pai ou mãe, caracterizando uma relação parental. Ou seja, alguém era a criança num corpo de adulto que teme a solidão e o desamparo.


Haroldo Lopes

         

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