" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Depoimento de PM revela que comandante tirou escolta de juíza por vingança


Fábio Gonçalves/Agência O Dia
coronel
O tenente-coronel Claudio Luiz Oliveira, ex-comandante do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM) e preso por suspeita de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli, teria deixado a magistrada sem escolta por causa de uma vingança.

A informação consta no depoimento de um cabo, que admitiu a participação no crime em troca da delação premiada, na última sexta-feira, na 3ª Vara Criminal de São Gonçalo. O cabo revelou que o tenente-coronel Cláudio Luiz Oliveira, então comandante do 7º BPM, decidiu transferir dois PMs, que trabalhavam com a juíza, logo depois de ela mandar prender uma equipe do Serviço Reservado do 7º BPM (P2), que teria provocado a irritação de grande parte dos PMs daquela unidade. Ele no entanto, não diz a data da retirada da escolta.

A proteção que a juíza recebia não era oficial, já que não era uma determinação do Tribunal de Justiça. No entanto, ela era "escoltada" por dois PMs cedidos pelo antigo comando da unidade. Um deles era namorado da magistrada. 

De acordo com o depoimento do cabo, os policiais do Serviço Reservado teriam sido presos por descumprirem um termo de ajustamento de conduta, no qual ficavam proibidos de socorrer vítimas baleadas durante troca de tiros. A determinação era que deveriam preservar o local do crime e chamar os bombeiros para prestar o socorro, mas os PMs da P2 teriam ignorado a ordem e socorrido pessoas baleadas durante uma operação.

No depoimento, o cabo afirma ainda que a prisão da equipe, teria irritado profundamente o tenente-coronel Claudio. Entre os PMs transferidos estava o cabo Marcelo Poubel, que mantinha um relacionamento amoroso com Patrícia. Como a segurança realizada por eles era informal, o comando da PM, que precisava autorizar a transferência, permitiu a mudança.

Com a medida, de acordo com o depoimento do PM, o tenente-coronel Claudio ganhou status entre os policiais que não gostavam da atuação de Patrícia Acioli “porque ele tinha tomado uma atitude que ninguém nunca havia tomado antes”.

A Divisão de Homicídios investiga se a retirada da escolta da juíza já fazia parte do plano para matar Patrícia Acioli, já que ela ficou mais vulnerável. Embora a escolta dos PMs fosse informal e eles fizessem serviços administrativos para ela no Fórum de São Gonçalo, eles a levavam em casa todos os dias.

Assim que assumiu o comando do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM), o tenente-coronel Claudio descumpriu outra determinação da juíza, que estava à frente da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo.

Segundo o depoimento do cabo, ele próprio estava afastado das ruas por participação em vários casos de auto de resistência, a pedido da juíza. O comandante, no entanto, o colocou para trabalhar nas ruas. O PM disse ter ouvido comentários de que o tenente-coronel só cumpriria determinações de Patrícia por escrito, de forma oficial. 


Além do tenente-coronel, outros dez policiais militares do 7º BPM estão presos por suspeita na morte da juíza. Nove são integrantes do GAT (Grupamento de Ações Táticas) do 7º BPM e um trabalha no Batalhão de Niterói (12º BPM), responsável por informar o endereço de Patrícia Acioli aos executores do crime.
Novo comandante da PM

A suspeita de envolvimento do tenente-coronel Claudio Luiz de Oliveira na morte da juíza levou o coronel Mário Sérgio Duarte a pedir exoneração do comando-geral da Polícia Militar no fim da noite de quarta-feira (28). Nacarta, que foi encaminhada a partir do telefone celular, o ex-comandante-geral da PM diz que o motivo pelo pedido de demissão é “não deixar espaço para dúvidas quanto à responsabilidade no processo de escolha dos Comandantes, Chefes e Diretores da Corporação”.

No lugar de Mário Sérgio Duarte, a Secretaria de Segurança Pública anunciou o coronel Erir Costa Filho como o novo comandante-geral da PM. Ele é ex-comandante do Batalhão de São Cristóvão (4º BPM) e, mais recentemente, estava à frente da Superintendência de Comando e Controle da Polícia Militar.

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