Ana Arraes auditará obra do São Francisco no TCU - Andre Dusek/AE
DE O ESTADO DE S.PAULO - MARTA SALOMON
Está nas mãos
da ministra Ana Arraes, recentemente eleita para o Tribunal de Contas
da União, avaliar o aumento do preço de contratos de obras da
transposição do Rio São Francisco. Ana é mãe do governador de
Pernambuco, Eduardo Campos, Estado beneficiado pelo projeto. Campos foi
líder do PSB na Câmara, o mesmo partido ao qual é filiado o ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, seu afilhado político e
responsável pela obra de R$ 6,9 bilhões.
No
início da semana, Bezerra informou que negociava com o TCU um reajuste
acima dos 25% do limite legal para pelo menos um dos contratos. Alegou
que haveria prejuízo com a desmobilização de grandes máquinas de cavar
túneis no lote 14 do eixo norte, que contabiliza avanço de apenas 27,1%
no contrato.
Com Ana
Obra mais
cara bancada com dinheiro dos impostos, a transposição do São Francisco
prevê o desvio de parte das águas do rio por mais de 600 quilômetros de
canais de concretos construídos em quatro Estados do Nordeste:
Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
O TCU
informou, por meio da assessoria, que o assunto está aos cuidados da
ministra Ana Arraes, a quem coube relatar uma auditoria do tribunal
sobre acréscimos de preços na obra, os chamados 'aditivos'. Ontem, o Estado não obteve resposta ao recado deixado no celular da ministra.
Ao tomar
posse, em outubro, Ana Arraes fez discurso contrário à paralisação de
obras sob suspeita de irregularidade. Entre as prerrogativas do tribunal
está recomendar a paralisação ou mandar suspender pagamentos.
Problema$$$
Em
setembro, o tribunal apontou indícios de irregularidades no eixo leste
da obra. Em apenas um dos lotes, o relatório do ministro Augusto Sherman
Cavalcanti encontrou prejuízo ao contribuinte de R$ 8,6 milhões. Esse
mesmo lote já havia sido objeto de um acréscimo de preço de 15%.
Uma das
falhas identificadas pelos auditores foi a construção de um trecho do
canal de concreto em desacordo com alternação de traçado feita pelo
projeto executivo da transposição. Como resultado, a obra de
terraplenagem custou R$ 3 milhões a mais.
Magno Martins
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