Por cláudio Santos
Um personagem misterioso do caso Eliza Samudio volta aos holofotes com a condenação de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e de Fernanda Gomes de Castro.
José Lauriano de Assis, o Zezé, investigador aposentado da Polícia
Civil de Minas Gerais, voltou a ser investigado por suposta participação
no sumiço e na morte da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. A
informação foi confirmada pelo chefe do DHPP (Departamento de Homicídios
e Proteção à Pessoa), delegado Wagner Pinto. A ação é independente do Ministério Público, que vai oferecer denúncia contra o ex-policial.
— O inquérito ainda não foi instaurado, mas passamos a estudar a participação dele no crime.
Questionado sobre os motivos que levaram a polícia a voltar a focar no ex-policial, Wagner Pinto foi evasivo.
— Não podemos adiantar qual linha de investigação foi adotada.
O promotor Henry Wagner Vasconcelos confirmou, após a condenação da
dupla, que vai denunciar o policial aposentado. Ele acredita que Zezé
saiba onde Bola "despejou os vestígios de Eliza".
— Zezé sofrerá certamente repercussões penais pelos seus atos. Prefiro
formalizar a denúncia ao poder judiciário primeiro para, então, trazer a
público a participação.
Zezé, que se aposentou em 14 de abril deste ano, pode ser o elo entre o
sumiço e a morte de Eliza. Segundo a Polícia Civil, ele estava lotado na
4ª Delegacia de Venda Nova, de licença médica, antes de se aposentar.
Conforme a confissão de Macarrão, a ex-modelo foi deixada em uma rua
escura na região da Pampulha, em BH. Um homem desceu de um Fiat Palio de
cor preta e retirou Eliza do veículo — para o MP, este algoz pode ser o
policial aposentado. Ela teria sido torturada e morta horas depois pelo
ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. O apoio de Zezé a Bola
chegou a ser levantado pela polícia, mas descartado por falta de
provas. O delegado Edson Moreira ouviu Zezé em 2010 e, mesmo afastado do
caso, defende nova investigação.
— Ele prestou depoimento duas vezes e foi citado no relatório por ter
apresentado o Bola para o Macarrão. Tem que investigar mais a fundo essa
participação e a presença do veículo.
Ligações telefônicas
Quando surgiu a notícia de que uma mulher envolvida com Bruno havia
morrido, a ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues foi orientada por
José Lauriano a comparecer à delegacia de Homicídios em Contagem. Com a
quebra do sigilo telefônico dos suspeitos, ficou comprovado que Zezé
trocou 37 telefonemas com Macarrão na semana em que Eliza foi
sequestrada. Outras 12 chamadas foram feitas para Elenílson Vitor,
caseiro do sítio, e outras quatro para Bola.
Medo dos policiais?
O silêncio dos envolvidos no caso sobre Bola
e Zezé é marcante. Ao denunciar Bruno, Macarrão evitou qualquer menção
aos dois. Confrontado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos sobre
ligações telefônicas com Bola, o ex-funcionário de Bruno relacionou as chamadas a pedidos de Marcos Aparecido para que o filho conseguisse vaga em um time de futebol, mas destacou que “nem sabia o nome dele”.
José Lauriano, por sua vez, atribuiu os telefonemas a um grupo musical.
Bruno Fernandes financiaria um grupo de pagode, e Zezé seria o contato
com os músicos. A mãe de Eliza, Sônia de Fátima Moura, também o evita.
“Não tenho nada a falar sobre o Bola”.
Um policial que participou das investigações nega que os envolvidos temam Zezé.
— Quem tem fama de matador é o Bola; é quem todo mundo teme. O Zezé é considerado um cara tranquilo.
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