Por Cláudio Santos
Quatro dias depois de sofrer um Acidente Vascular Encefálico
Hemorrágico (AVE), o jornalista Joelmir Beting morreu no início da
madrugada desta quinta-feira, aos 75 anos, em São Paulo. Ele faleceu à
0h55. Joelmir estava em coma irreversível, segundo boletim médico divulgado nesta quarta pelo Hospital Albert Einstein, onde o jornalista estava internado desde 22 de outubro para tratar de uma doença autoimune.
Ele sofreu o AVE já internado no hospital e estava sedado, respirando
com o auxílio de aparelhos e fazendo diálise. Após pouco mais de um mês
de internação, apresentava melhora mas, antes de receber alta, sofreu o
acidente vascular, segundo o hospital.
Joelmir nasceu em 21 de dezembro de 1936 em Tambaú (SP), a 260
quilômetros da capital paulista. Trabalhou na fazenda da família até se
mudar para São Paulo em 1955, para estudar sociologia. Sobre a infância e
a chegada do interior, escreveu em um perfil publicado em seu site oficial: "Fui bóia-fria aos sete anos de idade. Desembarquei em São Paulo com a roupa do corpo".
Ainda na época da faculdade, na Universidade de São Paulo (USP), começou
em 1957 a trabalhar como jornalista, inicialmente na área esportiva.
Suas primeiras experiências profissionais foram nos jornais O Esporte e Diário Popular. No rádio, ensaiou os primeiros comentários na Panamericana – que viria a se tornar a Jovem Pan.
Chacrinha da economia – Sua
carreira de mais de 50 anos, porém, foi dedicada principalmente ao
jornalismo econômico, que procurava traduzir para o público usando uma
linguagem coloquial e bem humorada. Em 1968, se tornou editor de
economia da Folha de S. Paulo,
jornal em que começou a publicar uma coluna reproduzida por dezenas de
veículos de comunicação do país. Em 1991, mudou-se para O Estado de S. Paulo.
"A coluna
diária foi meu pau-da-barraca profissional. Com ela, desbravei o
economês, vulgarizei a informação econômica, fui chamado nos meios
acadêmicos enciumados de 'Chacrinha da Economia'", anotou o jornalista.
Autor de dois livros, Na Prática a Teoria é Outra (1973) e Os Juros Subversivos(1985),
Joelmir escreveu ainda dezenas de ensaios para revistas e recordava
sobretudo de um considerado "muito especial", sobre os efeitos da
inflação no Brasil: Os Párias do Quatrilhão, publicado por VEJA no Natal de 1996.
O jornalista teve ainda passagens pelas rádios Gazeta e CBN. Na
televisão, passou pela Bandeirantes – onde em 1982 foi o mediador do
primeiro debate eleitoral da história da TV brasileira –, Record, Gazata
e ficou 18 anos na Globo e na Globonews. Em 2004, voltou ao Grupo
Bandeirantes. Desde então, mantinha colunas no rádio e era comentarista
dos telejornais da emissora.
Palmeirense e apaixonado por futebol, Joelmir teve a ideia de homenagear
Pelé com uma placa por um gol antológico, marcado contra o Fluminense,
em 1961, no Maracanã. Daí nasceu a expressão "gol de placa", sobre a
qual o jornalista dizia: "Não sou o autor da expressão 'gol de placa'.
Sou autor da placa que originou a expressão 'gol de placa'". Joelmir
deixa a viúva Lucila, com quem se casou em 1963, e os filhos Gianfranco,
publicitário, e Mauro, que seguiu a carreira de jornalista esportivo.
Revista Veja
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