Por Clúdio Santos
A ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, Rose Noronha, exonerada após ser flagrada na operação Porto Seguro por suposto tráfico de influência, aparece em duas interceptações telefônicas da PF (Polícia Federal) realizadas em 2003. À época, o órgão havia deflagrado a operação Overbox, que investigou esquemas de contrabando no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP).
Em uma das escutas, Rose é flagrada pedindo o porte de arma para o motorista de um deputado federal identificado como presidente do PT (Partido dos Trabalhadores). No período da gravação, José Genoino era o líder nacional do partido.
Em seguida, ela diz que "vai ficar no aguardo desse negócio do Genoino", segundo o relatório. Em outro momento, a ex-assessora da Presidência diz ao mesmo interlocutor que precisa de um "upgrade" de passagem.
Outra escuta aponta que Rose tentou usar de sua influência para beneficiar a entrada no Brasil da mãe do "Dr. Calil", na verdade, Roberto Kalil Filho, médico do então presidente Lula, e de amigas dela com produtos vindos de Paris (França). Segundo a PF, a Receita Federal barrou a entrada de roupas acima do valor máximo permitido.
Rose recebeu o telefonema de um delegado e disse estar brava com ele por não ter atendido a suas ligações, pois "precisou de sua ajuda pela manhã". A mãe do Dr. Calil e suas amigas acabaram tendo de pagar quase R$ 4.000 à Receita para poderem sair do aeroporto com os produtos.
Em seguida, o delegado diz que Rose poderia ter ligado para ele. Rose afirma que ligou, e que estava indo para Manaus com o presidente Lula. A ex-assessora disse que voltaria em alguns dias e que almoçaria junto a este delegado.
Operação Porto Seguro
No inquérito da PF referente à operação Porto Seguro, foram levantados "auxílios e favores financeiros" que Rosemary Noronha recebeu. Dentre os mimos está uma viagem de cruzeiro com show dos cantores Bruno e Marrone em 2010. Uma cabine dupla no navio custava R$ 2,5 mil na época.
Ela também conseguiu emprego para parentes, armários novos, a realização de cirurgias e o pagamento das prestações de uma casa.
Rosemary, que durante mais de dez anos foi secretária do ex-ministro José Dirceu e também trabalhou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi indiciada pela PF por suspeita de envolvimento com organização criminosa que atuava junto a órgãos do governo para obter pareceres técnicos fraudulentos.
Veja documentos abaixo
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