" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



quinta-feira, 29 de março de 2012

Corpo de Millôr Fernandes é velado no Memorial do Carmo, no Rio


Corpo de Millôr Fernandes é velado no Caju (Foto: Alexandre Durão/G1)
Por Cláudio Santos
 
O corpo do escritor e cartunista Millôr Fernandes é velado na manhã desta quinta-feira (29) no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro. O escritor carioca morreu às 21h desta terça-feira (27), em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Ivan Fernandes, filho de Millôr, ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.
O velório acontece até as 15h e depois o corpo será cremado numa cerimônia restrita aos familiares.
O primeiro a chegar ao local foi o ator Otávio Augusto.

"A perda é muito grande. Uma pessoa na qual todos nós nos espelhávamos, principalmente a liberdade que ele sempre cultivava para ele, é uma coisa que a gente tenta a vida inteira. Infelizmente, vindo para cá, perguntei onde estava sendo velado o Millôr e ninguém sabia. O povo não tem acesso a esse tipo de literatura. Era um cara que através do humor fazia uma crítica social. O fim do ano passado e o início desse ano está indigesto. Perdi muitos amigos. A gente começa a pensar na idade também, né? Quem teve a oportunidade de conviver com ele sabe muito bem o que estamos deixando de ter. Não era um amigo, ele é", disse o ator.

Millôr tinha dois filhos, Ivan e Paula, e um neto, Gabriel. Ele foi casado com Wanda Rubino Fernandes. De acordo com sua certidão, Millôr nasceu no dia 27 de maio de 1924, embora ele dissesse que a data correta era 16 de agosto do ano anterior.
O filho Ivan, agradeceu o carinho que tem recebido. "Não tenho como definir melhor do que vocês. Tenho só a agradecer a cobertura que está sendo feita, muito respeitosa. Muita emoção em ver amigos de todas as áreas. Ele tinha uma coisa que chamava de bate-pronto. Uma vez, numa noite de autógrafo, alguém quis fazer uma brincadeira de mau gosto e pediu para ele escrever qualquer besteira no livro. Ele respondeu: "então dita". Uma coisa que ele me ensinou é que você jamais deve usar o humor para humilhar alguém. Pode atacar, mas nunca humilhar a pessoa".
"Nós temos um compromisso aos sábados, às 14h, há 33 anos. E eu dizia que o tópico das nossos encontros era não jogar conversa fora. E ouvir o Millôr era um aprendizado. Então eu era um privilegiado. Eu só não, éramos mais de 30", lembrou o arquiteto Paulo Casé.
Em 2011, o escritor chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul. Na época, a assessoria do hospital não detalhou o motivo da internação a pedido da família.
Nascido no bairro do Méier, Millôr sempre fez piada em relação ao seu registro de nascimento. Costumava brincar que percebeu somente aos 17 anos que o seu nome havia sido escrito errado na certidão: onde deveria estar Milton, leu “Millôr” (o corte da letra “t” confundia-se com um acento circunflexo, e o “n” com um “r”). Seja como for, gostou do novo nome e o adotaria a partir de então. “Milton nunca foi uma boa escolha”, comentaria anos mais tarde, durante uma entrevista. A data de nascimento também não estaria correta: em vez de 27 de maio de 1924, ele teria nascido em 16 de agosto do ano anterior.
Desenhista, tradutor, jornalista, roteirista de cinema e dramaturgo, Millôr foi um raro artista que obteve grande sucesso, de crítica e público, em todas as áreas em que se atreveu trabalhar. Ele, que se autodefinia um “escritor sem estilo”, começou no jornalismo em 1938, aos 15 anos, como contínuo e repaginador de “O Cruzeiro”, então uma pequena revista. Ele retornou à publicação em 1943 ao lado de Frederico Chateaubriand e a tornou um sucesso comercial. Lá, criou a famosa coluna “Pif-Paf”, que também teria desenhos seus.

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