Por cláudio Santos
Apesar da grande popularidade do presidente norte-americano Barack
Obama no Brasil, o candidato republicano Mitt Romney será uma
alternativa melhor para a economia brasileira, caso derrote o atual
líder dos EUA nas urnas nesta terça-feira (6). A análise é de
especialistas internacionais entrevistados pelo R7.
De acordo com Italo Lombardi, economista para América Latina do Standard Chartered Bank em Wall Street, distrito financeiro de Nova York (EUA), as relações entre os dois países devem mudar se Obama seguir com a implementação das reformas no setor financeiro, denominadas Dodd-Frank, que preveem o controle intenso do governo sobre a área, diminuindo o espaço de manobra do investidor.
— Tais medidas [Dodd-Frank] praticamente proíbem o risco financeiro, se forem plenamente implementadas. Em médio prazo, isto pode ser bem ruim, [pois] afetaria o sentimento do mercado, afetaria os níveis de consumo, tendo uma consequência macroeconômica que atingirá os bancos multinacionais presentes no Brasil e as empresas internacionalizadas deste setor, como é o caso dos maiores bancos nacionais.
Sem contar, diz Lombardi, os impactos indiretos relativos aos serviços que estão atrelados às atividades do setor.
— São Paulo é uma cidade de bancos e, certamente, sentirá os efeitos das novas regulamentações em hotéis e restaurantes, entre outros ramos.
Romney, por outro lado, já deixou claro que quer impedir o avanço da medida Dodd-Frank e que é contra a intervenção do Estado na economia, como é feito por Obama.
— Se ganhar, Romney deverá aguar as novas regulamentações do governo federal no setor financeiro.
A coordenadora do curso de relações internacionais das faculdades Rio Branco, Denilde Holzhacker, também concorda que o republicano deve ser melhor para os negócios entre os dois países. Ela defende não só a tradição histórica dos republicanos em investir no comércio da região, como aponta o total esquecimento do Brasil e da América Latina no plano de governo democrata.
— Normalmente, os dois partidos olham para a América latina, mas os republicanos sempre tiveram mais foco no comércio, enquanto que os democratas priorizam a política e as questões de segurança nacional. Entretanto, Romney tem no site de campanha um programa de governo que destaca a AL. Já Obama não citou a região na campanha nem no projeto de governo.
Para os dois especialistas, este é um sinal negativo para o Brasil e denuncia certo descaso dos democratas, que dão sinais de preferir projetos específicos para a China, Rússia e Índia.
Um aspecto que preocupa particularmente a especialista é a guerra cambial.
— O governo brasileiro e o governo de Obama tiveram atritos em relação à manipulação cambial e trocaram acusações. Romney não se manifestou sobre o caso.
Recentemente, Obama acusou o Brasil de ser protecionista, enquanto o governo brasileiro denunciou as medidas cambiais norte-americanas como artifícios desleais para equilibrar o comércio. Este foi o choque mais significativo entre os dois países nos últimos meses.
Mas para a coordenadora de pós-graduação em administração pública do Senac, Natália Navarro, as referências feitas por Romney em relação à América Latina são circunstanciais.
— As pesquisas apontam que Romney tem baixa aprovação entre as mulheres e os latinos. Fazer uma aposta radical, como citar a América Latina nos debates, é aparentemente estratégia de campanha. O discurso de Obama é muito mais plausível.
Para Natália, Obama deverá fazer o possível para proteger e criar os empregos para os trabalhadores americanos. Ela também concorda que o democrata, por sua união com os sindicatos e tradição histórica, tende a ser mais protecionista que os republicanos.
Porém, a postura mais consensual de Obama, aliada ao respeito às instituições multilaterais, deverá impedir qualquer medida radical em termos de restrição comercial.
— O protecionismo democrata, em alguma medida, pode influenciar [na direção do protecionismo]. Mas hoje existe uma série de órgãos internacionais que regulam estes processos.
Para ela, os americanos não mudaram nos últimos anos, mas sim os brasileiros. O governo da presidente Dilma Rousseff diminuiu a intensidade da agenda entre os dois países, o que não significa necessariamente que a agenda bilateral está parada.
— Se não há grande barulho, é porque a coisa vai bem. Muitas coisas continuam avançando, como, por exemplo, o intercâmbio tecnológico e acadêmico entre os dois países.
Independente das diferenças nos aspectos econômicos, os três especialistas afirmam que, no campo político, não ocorrerão mudanças radicais. Para eles, permanecerá esse clima de cordialidade, enquanto, por um lado, o Brasil se projeta no continente sul-americano e, por outro, os EUA seguem priorizando as questões de segurança nacional e a rivalidade econômica com a China.
De acordo com Italo Lombardi, economista para América Latina do Standard Chartered Bank em Wall Street, distrito financeiro de Nova York (EUA), as relações entre os dois países devem mudar se Obama seguir com a implementação das reformas no setor financeiro, denominadas Dodd-Frank, que preveem o controle intenso do governo sobre a área, diminuindo o espaço de manobra do investidor.
— Tais medidas [Dodd-Frank] praticamente proíbem o risco financeiro, se forem plenamente implementadas. Em médio prazo, isto pode ser bem ruim, [pois] afetaria o sentimento do mercado, afetaria os níveis de consumo, tendo uma consequência macroeconômica que atingirá os bancos multinacionais presentes no Brasil e as empresas internacionalizadas deste setor, como é o caso dos maiores bancos nacionais.
Sem contar, diz Lombardi, os impactos indiretos relativos aos serviços que estão atrelados às atividades do setor.
— São Paulo é uma cidade de bancos e, certamente, sentirá os efeitos das novas regulamentações em hotéis e restaurantes, entre outros ramos.
Romney, por outro lado, já deixou claro que quer impedir o avanço da medida Dodd-Frank e que é contra a intervenção do Estado na economia, como é feito por Obama.
— Se ganhar, Romney deverá aguar as novas regulamentações do governo federal no setor financeiro.
A coordenadora do curso de relações internacionais das faculdades Rio Branco, Denilde Holzhacker, também concorda que o republicano deve ser melhor para os negócios entre os dois países. Ela defende não só a tradição histórica dos republicanos em investir no comércio da região, como aponta o total esquecimento do Brasil e da América Latina no plano de governo democrata.
— Normalmente, os dois partidos olham para a América latina, mas os republicanos sempre tiveram mais foco no comércio, enquanto que os democratas priorizam a política e as questões de segurança nacional. Entretanto, Romney tem no site de campanha um programa de governo que destaca a AL. Já Obama não citou a região na campanha nem no projeto de governo.
Para os dois especialistas, este é um sinal negativo para o Brasil e denuncia certo descaso dos democratas, que dão sinais de preferir projetos específicos para a China, Rússia e Índia.
Um aspecto que preocupa particularmente a especialista é a guerra cambial.
— O governo brasileiro e o governo de Obama tiveram atritos em relação à manipulação cambial e trocaram acusações. Romney não se manifestou sobre o caso.
Recentemente, Obama acusou o Brasil de ser protecionista, enquanto o governo brasileiro denunciou as medidas cambiais norte-americanas como artifícios desleais para equilibrar o comércio. Este foi o choque mais significativo entre os dois países nos últimos meses.
Mas para a coordenadora de pós-graduação em administração pública do Senac, Natália Navarro, as referências feitas por Romney em relação à América Latina são circunstanciais.
— As pesquisas apontam que Romney tem baixa aprovação entre as mulheres e os latinos. Fazer uma aposta radical, como citar a América Latina nos debates, é aparentemente estratégia de campanha. O discurso de Obama é muito mais plausível.
Para Natália, Obama deverá fazer o possível para proteger e criar os empregos para os trabalhadores americanos. Ela também concorda que o democrata, por sua união com os sindicatos e tradição histórica, tende a ser mais protecionista que os republicanos.
Porém, a postura mais consensual de Obama, aliada ao respeito às instituições multilaterais, deverá impedir qualquer medida radical em termos de restrição comercial.
— O protecionismo democrata, em alguma medida, pode influenciar [na direção do protecionismo]. Mas hoje existe uma série de órgãos internacionais que regulam estes processos.
Para ela, os americanos não mudaram nos últimos anos, mas sim os brasileiros. O governo da presidente Dilma Rousseff diminuiu a intensidade da agenda entre os dois países, o que não significa necessariamente que a agenda bilateral está parada.
— Se não há grande barulho, é porque a coisa vai bem. Muitas coisas continuam avançando, como, por exemplo, o intercâmbio tecnológico e acadêmico entre os dois países.
Independente das diferenças nos aspectos econômicos, os três especialistas afirmam que, no campo político, não ocorrerão mudanças radicais. Para eles, permanecerá esse clima de cordialidade, enquanto, por um lado, o Brasil se projeta no continente sul-americano e, por outro, os EUA seguem priorizando as questões de segurança nacional e a rivalidade econômica com a China.
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