" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

“A direção do PV é feita por lobistas e empresários”



Recém-filiado ao PSDB, o deputado estadual Daniel Coelho - que deixou o PV há mês - fez uma avaliação de seus primeiros dias na trincheira tucana. O ex-verde afirmou que acredita na Justiça e que tem esperança de que não vai perder o mandato, reivindicado pela cúpula do PV. “Os dirigentes do PV estão atrás de interesses privados”, atacou o parlamentar. Segundo Daniel, por trás da reivindicação do seu mandato, estão as determinações do presidente da sigla, Carlos Augusto Costa, e do seu antecessor, o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier. “Você tem hoje uma direção que é feita por lobistas, por empresários, por gente que vive de vender consultoria a governo, vender contratos. E o militante lá da ponta não tem nada a ver com isso”, disparou.

MUDANÇA
Eu troquei de partido por estar sofrendo perseguições, por não estar tendo espaço no PV. Eu estou tendo um tratamento no PSDB que está me deixando muito confortável desde o momento de filiação até às inserções de televisão, que foram coisas que contribuíram para a minha saída do PV, o fato de eu estar sendo sempre excluído das inserções de TV. O PSDB, logo na primeira semana, me deu espaço na televisão. E também, muito ao contrário do que vinha acontecendo no antigo partido, onde eu tinha sempre dificuldade de montar diretório no interior, de indicar pessoas para participaram e fazerem parte do partido, já tem pessoas que ocupam cargos na direção do PSDB. E não foi uma coisa  que eu pedi, porque o partido está tendo a atitude de reconhecer, onde a gente tem militância, dá espaço para a gente trabalhar. Então, estou muito tranquilo para fazer o mandato para o qual fui eleito.

RESSENTIMENTO
Eu acho que não há ressentimento com o PV. Eu fico triste por saber que a boa fé da grande maioria dos militantes do PV é usada para outros fins, para outros interesses, por aquelas pessoas que estão no comando, que são os donos do partido. Essas pessoas fazem uma militância espontânea, elas sonham com uma sociedade sustentável, com a questão ambiental e fortalecem uma cúpula partidária no sentido inverso. Uma cúpula partidária que está calada com a instalação de uma termelétrica a óleo. Os interesses são completamente diferentes. A direção do partido está atrás de interesses privados. Quer dizer, você tem hoje uma direção que é feita por lobistas, por empresários, por gente que vive de vender consultoria a governo, vender contratos. E o militante lá da ponta não tem nada a ver com isso. Minha vida no PV foi de militância, e fico tris­te porque acabam dan­­do força para que esse tipo de diri­gente continue com esse tipo de prática.

PROMESSA DE MANDATO
Eu tenho plena consciência na Justiça da gente. Quem acompanhou, de um ano para cá, vê que (a ida para o PSDB) é diferente de outras mudanças de partido. Eu fui procurado na época, e o (presidente do partido) Carlos Augusto disse para mim que não ia pedir o mandato. E hoje eu faço uma leitura muito fácil desse processo. Ele queria que eu saísse do partido, e para isso foi dizer na Imprensa que não ia pedir meu mandato, e não manteve a palavra, o que não é novidade na vi­da de Carlos Augusto. O mesmo Carlos Au­gusto tinha me prometido, no ano pas­sado, que eu seria candidato prioritário a deputado estadual pelo partido. Ele foi o comandante do guia elei­toral e me tirou do guia. Ele fez parte do Governo Jarbas Vasconcelos (1999-2006), se fez no Governo Jarbas, e hoje está defendendo termelétrica a óleo para o governo de Eduardo Campos (PSB), bajulando o governo de Eduardo. O processo do PV está tão errado e tão equivocado que meu primeiro suplente, que é Lucrécio Gomes, saiu do partido, foi para o PSB. O segundo suplente (Fred da Caixa) também saiu do partido, está no PTB. Só ficou do terceiro suplente (Roberto Leandro) para trás. Então, o erro é meu, ou será que está tudo errado no Partido Verde?  Eu não vejo possibilidade da Justiça ir por esse caminho.

PRESIDÊNCIA
Não mudou absolutamente nada. O Carlos Augusto e o Sérgio são uma coisa só. O PV tem um processo inter­no onde as discussões são feitas através de uma Executiva, só que a Executiva é toda indicada por Sérgio e por Carlos Augusto aqui em Pernambuco. A coisa é tão absurda que, entre as pessoas que votaram para que o partido entrasse na Justiça nessa questão do man­dato, tem gente que nem é filiado ao partido. Se você olhar no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), vai ver que tem gente que nem filiado é. Tem outros que têm um ano e meio, dois anos de filiação. Eu tenho nove anos de história no PV, tenho três mandatos conquistados, tenho uma vida de luta pelas causas ambientais. Aí, chega uma pessoa, que é funcionária do Governo, filia-se agora e é a pessoa que tem o poder de dizer qual o posicionamento do PV. Então, são pessoas que são instrumentalizadas pelos dois. Eles estão comandando abertamente.

PERSEGUIÇÃO
Iniciou-se na campanha. Se a gente voltar um pouquinho antes, já havia. Qualquer proposta que eu fazia de formação de um diretório em qualquer município do Estado, criava-se dificuldades e a proposta não era aceita. Na campanha, mesmo todo mundo consciente de que eu era o candidato favorito, que eu poderia ser o puxador de votos, eu fui excluído do guia eleitoral. Passada a eleição, o partido tomou a decisão de aderir ao Governo do Estado. Me deixou numa situação difícil, mas fez isso sem nenhum tipo de diálogo com o único deputado da legenda. Eu fui escolhido líder da oposição, e o partido formalizou que eu estava impedido de assumir a liderança da oposição, também sem fazer discussão nenhuma. Então, foi um processo que foi se afunilando. Todos os diretórios que existiam no Estado e tinham apoiado minha candidatura de deputado estadual foram destituídos. Temos o exemplo de Paulista. Depois veio mais uma vez a questão da televisão, que era dedicada à representação do PV na Assembleia. O PV só tinha tempo de TV porque tinha deputado estadual, e mesmo assim eles me excluíram por completo da televisão. Foi então que eu vi que não havia mais caminho.

CANDIDATURA
A questão de candatura vai ser discutida no ano que vem. Eu não me coloco ainda como candidato a nada. O partido (PSDB) tem lembrado meu nome como possível candidato a prefeito, mas eu não estou colocando isso como pauta de agora. A questão de estarem pedindo o mandato não vai atrapalhar em nada, porque isso é absurdo. Eu acho que qualquer pessoa que acompanhou o processo político vai ficar com vergonha do que está acontecendo. Isso não vai me atrapalhar. Vai atrapalhar ainda mais o PV. Acho que coloca de uma forma mais explícita de que eles não têm limite nenhum, que eles estão simplesmente numa busca obcecada pelo Poder.

DISPUTA INTERNA
A questão com o (deputado federal) Bruno Araújo e com o PSDB vai se resolver naturalmente. Não há nenhum clima de disputa no PSDB, e naturalmente a gente vai escolher um candidato no ano que vem. Não tem clima de disputa com o Bruno. Eu não estou preocupado com isso. Eu estou com mandato na Assembleia. Bruno tem mandato na Câmara Federal, é um bom deputado federal, está buscando o espaço dele lá também. Ele está focado no mandato dele lá, e eu estou focado no meu mandato aqui. No ano que vem, o partido vai decidir.

RACHA
O que eu me preocupo nesse estremecimento, nessa briga que está acontecendo, é quando não são colocados os interesses dos municípios. Você começa a ver partidos que fazem parte de um mesmo governo, que em momento nenhum esses partidos dizem ter divergência com a gestão, e colocam cinco, seis candidaturas. Como é que pode? Faz parte de governo, acha que eles estão indo bem, e vai brigar para tomar o poder daquele? É uma situação muito complicada. Eu fico sem entender quais são os motivos para você ter esses tipos de conflitos. Todo partido tem o direito de pleitear, de ter candidato, na oposição e no governo, mas você tem que ter um projeto de cidade, tem que discutir o município. E não transformar Pernambuco em um tabuleiro, onde esse município é governado por A, esse por B, esse por C. Eu não vi ainda nenhum argumento na Cidade do Recife, de partidos que hoje pleiteam ser candidatos e estão fazendo parte do Governo, por que eles querem disputar eleição com o atual prefeito João da Costa (PT). Se houvesse divergência no caminho da gestão e eles fossem para a oposição, seria natural. Agora, estando todo mundo no Governo, eu acho inexplicável.

BEZERRA COELHO
A troca de domicílio eleitoral do ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB/Integração Nacional) não muda em nada o quadro da oposição. São problemas de governo. Em nenhum momento a oposição estava considerando a possibilidade de ter apoio do PSB. Então é uma questão de quem está no Governo. O primeiro ponto, se o PSB tiver candidato, é dizer em quê está divergindo do Governo. Se você disputa eleição, é porque está havendo alguma coisa, é porque há uma diferença. A gente primeiro quer perceber qual é a diferença. O PSB hoje, inclusive, tem o vice-prefeito (Milton Coelho). Então, o que está errado na Cidade do Recife é compartilhado, não é somente do atual prefeito. Todo mundo está na base de apoio.

OPORTUNIDADE
A oposição tem que ter seu projeto de cidade. Precisa apresentar suas propostas, e a partir daí a população vai analisar. Eu acho que a gente não tem que estar preocupado, olhando o que vem por parte do Governo, se vai ter racha, se não vai ter. A gente tem que ter um projeto de cidade. Esse momento é um momento de a oposição ser propositiva. Todo mundo está percebendo que está insatisfeito com a cidade e que a gestão não vai bem. A gente precisa ter proposta.

OPOSIÇÃO
A oposição na Câmara do Recife tem feito um bom trabalho. Temos bons vereadores na bancada de oposição, que têm feito críticas, têm mostrado os equívocos do Governo. Agora, é sempre difícil fazer oposição no processo político do adesismo que a gente vive  no Brasil. Todo mundo é governo. A oposição é sempre minoria em qualquer Casa legislativa. Na Câmara dos Vereadores, na Assembleia, na Câmara Federal, todos os partidos se juntam ao Governo. Dos partidos que estão na ba­se de João da Costa, se por ventura mu­dar de partido ou prefeito, boa par­te deles vai estar na base também. Todo mun­do quer estar no Poder. O trabalho da oposição é sempre muito difícil. Mas a oposição tem feito um bom trabalho. Não é a toa que irrita muitas vezes o próprio prefeito, os governistas. A oposição tem mostrado e tentando colocar sugestões, não só criticar

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