Imagens mostram suspeito atirando em menina
em Aparecida (Foto: Reprodução / TV Anhanguera)
em Aparecida (Foto: Reprodução / TV Anhanguera)
Por Cláudio Santos
O comerciante George Araújo, dono de uma pizzaria e suspeito de balear
uma menina de 11 anos durante uma briga com um cliente, se entregou à
polícia nesta segunda-feira (6). Ele se apresentou por volta das 18h40
na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), de Aparecida
de Goiânia. A informação é da delegada Marcela Orçai, titular da unidade e responsável pelas investigações do caso.
Atingida por dois disparos, um na cabeça e outro na perna, Kerolly
Alves Lopes teve morte cerebral, mas os aparelhos ainda não foram
desligados. O suspeito teve a prisão preventiva decretada pela Justiça
no último dia 30. Como a polícia não conseguiu encontrá-lo na época, ele
era considerado foragido. Após se entregar nesta segunda, o comerciante
fez exame de corpo de delito e deverá passar a noite na Delegacia
Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), em Goiânia. Geroge Araújo
será apresentado na manhã de terça-feira (7), na DPCA. Ele deve
responder por homicídio duplamente qualificado, de acordo com a
delegada.
Morte cerebral
Kerolly estava internada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) desde que foi baleada, no dia 27 de abril, mas teve morte cerebral constatada às 20 horas de domingo (5), segundo anunciou a equipe médico da unidade, na manhã desta segunda.
Kerolly estava internada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) desde que foi baleada, no dia 27 de abril, mas teve morte cerebral constatada às 20 horas de domingo (5), segundo anunciou a equipe médico da unidade, na manhã desta segunda.
Quinze horas depois da confusão, o suspeito de atirar em Kerolly se
apresentou em uma delegacia. Ele prestou depoimento alegando ter
disparado em legítima defesa, mas não foi preso na época. A lei
determina que alguém seja preso em flagrante apenas se for detido no
momento do crime, depois de uma perseguição ou se ainda estiver com a
arma usada. Como não havia pedido de prisão, ele acabou liberado. O
advogado que o acompanhou no depoimento desistiu da defesa ao ver o
vídeo em que o ex-cliente aparece disparando contra o serralheiro
Sinomar Alves Lopes e as duas filhas, que tentaram protegê-lo.
O crime
O crime aconteceu, segundo a polícia, após uma discussão por causa de uma pizza entre o dono de uma pizzaria, George Araújo, e o pai da menina Kerolly, o serralheiro Sinomar Lopes, que era cliente do estabelecimento. A vítima e a irmã Pérola Alves Lopes, de 14 anos, abraçaram o pai quando viram a arma apontada para ele. O suspeito então atirou três vezes. Dois disparos atingiram a adolescente, na perna e na cabeça. O atirador fugiu do local. Ele teve a prisão preventiva decretada e está foragido.
O crime aconteceu, segundo a polícia, após uma discussão por causa de uma pizza entre o dono de uma pizzaria, George Araújo, e o pai da menina Kerolly, o serralheiro Sinomar Lopes, que era cliente do estabelecimento. A vítima e a irmã Pérola Alves Lopes, de 14 anos, abraçaram o pai quando viram a arma apontada para ele. O suspeito então atirou três vezes. Dois disparos atingiram a adolescente, na perna e na cabeça. O atirador fugiu do local. Ele teve a prisão preventiva decretada e está foragido.
Os médicos tinham explicado que a bala atravessou a cabeça dela
e, por isso, o estado de saúde da garota era considerado gravíssimo. A
equipe médica informou na semana passada que menos de 10% de pessoas
sobrevivem a este tipo de lesão. "É bastante grave a lesão em si. E ela
também está correspondendo à lesão. Ela também tem um quadro clínico
bastante grave", explica Nasser Tannús, diretor técnico do Hugo.
Kerolly Lopes, de 11 anos, teve morte cerebral constatada (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
A câmera de segurança do estabelecimento registrou o momento em que o serralheiro entra na pizzaria (veja vídeo abaixo).
Do lado de trás do balcão está o proprietário. Há dois meses, os dois
tinham discutido porque Sinomar não quis pagar por uma pizza que havia
demorado muito. Armado, George manda Sinomar sair. Do lado de fora, as
duas filhas de Sinomar tentam tirá-lo dali.
"Eu cruzei os braços e falei pra ele, sabe: Você quer atirar? Você
atira, pode atirar. Virei as costas ainda pra ele atirar, ele não atirou
em mim, você entendeu?", relata o serralheiro.
Pérola Lopes relata os minutos de tensão: "Quando eu vi o homem já tava
apontando a arma pra ele. Eu falei assim: 'Solta a arma, por favor'.
Nisso minha irmã já saiu do carro correndo, aí abraçou meu pai e eu
também, puxando ele pra ir pro carro. Aí o homem falou: 'Vocês saem da
frente, saem da frente'. Aí a Kerolly falou: 'Moço, por favor, abaixa
essa arma'".
O vídeo mostra quando as meninas cercam o pai, puxam, mas Sinomar
insiste em ficar. Uma delas pede ajuda para um homem que passa pela rua,
mas ele foge.
Pelas imagens do vídeo, é possível ver quando Kerolly deixou o pai e a
irmã mais velha na calçada e correu em direção a uma farmácia, em busca
de ajuda. Nesse momento, George se aproxima de Sinomar e de Pérola e faz
o primeiro disparo. Pai e filha recuam. Ao ouvir o tiro, Kerolly volta.
A partir desse momento, o vídeo não mostra mais o que acontece, mas o
suspeito acerta um tiro na cabeça de Kerolly.
Dernorteado, o atirador corre, mas antes de entrar no carro e fugir ele
volta até a esquina com o revólver na mão. A fuga de George foi filmada
por pessoas que passavam pelo local. As testemunhas se revoltam, mas
ele aponta a arma contra elas.
Culpa e dor
Em entrevista ao Fantástico, o pai de Kerolly, Sinomar Lopes declarou se sentir culpado pelo que aconteceu. “Eu me sinto culpado. O que eu estou sentindo é dor demais, é sofrimento pra caramba e mágoa, culpa demais da conta”, declarou.
Em entrevista ao Fantástico, o pai de Kerolly, Sinomar Lopes declarou se sentir culpado pelo que aconteceu. “Eu me sinto culpado. O que eu estou sentindo é dor demais, é sofrimento pra caramba e mágoa, culpa demais da conta”, declarou.
Ele se emocionou e falou da angústia ao ver a filha hospitalizada.
"Hoje eu queria estar no lugar dela. Queria! Eu queria ser naquela hora
lá. Porque o pai mesmo é pai e herói do filho, né? Eu estou sentindo no
meu coração que, naquela hora, eu não fui ninguém. Uma culpa imensa
vendo aquela menina lá", desabafou o pai.
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