Certamente esse
título seria dado a Belo Jardim, a 187km do Recife. No município
agrestino, que um dia já se chamou Capim, a paixão pela música está
presente no DNA dos seus quase 73 mil habitantaes. Berço cantor Otto, a
cidade é recheada de histórias curiosas relacionadas à música, como por
exemplo um duelo musical envolvendo duas bandas, em 1953, que teriam
ficado 15 horas tocando sem parar até que a outra desistisse. A batalha
só foi resolvida com a intervenção das autoridades e um a um, os músicos
foram parando e o embate terminou empatado. Não é à toa que se fala que
o belo-jardinense aprende a tocar antes mesmo de falar.
Parral, ex-Santa Cruz, é uma das apostas do Belo Jardim (Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
Agora, a cidade está engajada em se consolidar como uma das rotas do
futebol em Pernambuco. Vice-campeão da Série A-2 no ano passado, o Belo
Jardim Futebol Clube está de volta à elite estadual após quatro anos. Em
2007 debutou na competição a convite da Federação Pernambucana de
Futebol para preencher a vaga deixada pelo Intercontinental, mas acabou
rebaixada no mesmo ano. E quem pensa que a meta para 2012 é apenas
permanecer na Primeira Divisão se engana, o Calango quer ir longe e
abocanhar uma vaga na Série D.
- Em 2007 não jogamos a primeira fase em casa, porque nosso estádio não
estava pronto. Tivemos que atuar em Caruaru e Vitória e não fomos bem
sem nossa torcida. Quando jogamos em casa, ficamos em sétimo lugar, mas
na soma geral acabamos rebaixados - lembra o gerente de futebol do
clube, Jonas Torres.
Para não fazer feio este ano, o adversário do Santa Cruz na estreia,
dia 15, no Arruda, trouxe 19 jogadores, que se juntaram aos dez que
fizeram parte da campanha de acesso à Série A. Tem gente de toda parte
do Brasil: mineiros, gaúchos, piauienses, cearenses, sul-matogrossenses
etc.
Na turma, o experiente lateral-direito Parral, ex-Santa Cruz, e o
volante Fábio Recife, que já passou pelo Náutico, são os mais
conhecidos. A opção pelos não-famosos partiu da própria direção, que
preferiu investir em um grupo de atletas em busca de aparecer e voltar
ao mercado. A filosofia é tão levada a sério que recentemente o clube
negou uma oferta do empresário do atacante Val Baiano, que (segundo o
gerente de futebol, Jônas Torres) tentou emplacá-lo no Bedlo Jardim por
R$ 6 mil mensais.
Sob o comando do Giva
Givanildo Sales permanece no comando do time
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
O técnico Givanildo Sales, comandante da equipe no acesso ano passado, segue no clube e acredita numa boa campanha.
- Temos totais condições de surpreender. Contamos com um grupo
qualificado, estrutura e a paixão do nosso torcedor, que vai, enfim,
poder nos acompanhar desde o principio e nos ajudar a fazer a diferença -
acredita o treinador, de 38 anos, que já trabalhou como observador
técnico no Náutico.
O técnico se espelha bastante no chará famoso, o tetracampeão pernambucano Givanildo Oliveira, e tem moral com elenco.
- O Givanildo é um cara que está buscando se firmar no mercado e tem
potencial para isso. É um grande treinador e estamos todos juntos com
ele no projeto de fazer uma boa campanha no Pernambucano - diz o
lateral-direito Parral, que quando perguntado se o chefe também preserva
o jeitão carrancudo de Giva, o jogador defende o comandante.
- Não, o nosso Givanildo sabe a hora certa de brincar, mas quando tem que dar bronca, não alivia.
Mão de obra 'coreana'
No grupo do Belo Jardim, experiência e juventude são dosadas numa folha
enxuta de R$ 70 mil mensais. A média é de 26 anos de idade. Parral é o
mais experiente, com 32 anos, e o mais jovem é o goleiro Sung Hoo, de 17
anos.
Quem lê essas linhas pode imaginar que se trata de um reforço
internacional, mas Sung Hoo é natural de Belo Jardim e o nome uma
homenagem que ele já se diz acostumado a explicar.
- É uma referência ao reverendo coreano Sunm Young Moon (líder
religioso da Coréia do Norte) e foi escolhido pela minha mãe. Todo mundo
estranha e sempre explico. É como um braço quebrado. Todo mundo
pergunta o porquê - resume bem.
Mão de Sung Hoo quis fazer uma homenagem ao líder religioso da Coréia do Norte
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
Casa 'bagunçada'
Até o primeiro jogo em casa, dia 18, contra o Porto, os funcionários do
estádio Mendonção vão ter muito, mas muito trabalho pela frente.
Ostentando o nada honroso título de pior gramado entre os 11 campos do
Estadual, a direção do clube se esforça para corrigir as muitas falhas
presentes no estádio, que não se resumem apenas ao piso de jogo. Há
problemas na iluminação, as traves estão enferrujadas e um verdadeiro
matagal toma conta das entradas ao local e vestiários, mas serão
devidamente aparados às vésperas do jogo contra o Gavião do Agreste, é o
que garante o diretor de futebol José Ivan.
- As melhorias na parte externa do estádio são as menos trabalhosas e
estarão prontas até o jogo contra o Porto. O gramado, sim, nos preocupa
porque tivemos um problema com fungos recentemente, que queimou toda
grama, além da estiagem, mas estamos trabalhando e tudo vai estar pronto
até o dia 18.
Curioso é que o estádio foi inaugurado no Pernambucano de 2007. Possui
bons vestiários, tem boa localização e acesso, mas estava abandonado
desde então. A foto abaixo é a prova que os times que enfrentarem o Belo
Jardim vão ter um adversário nessas primeiras rodadas.
Estádio de Belo Jardim foi considerado o pior do Pernambucano (Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
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