" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Megaoperação contra PMs suspeitos de receber propina do tráfico prende 59 policiais

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Agentes vasculharam possíveis esconderijos de drogas e armas em favelas de Caxias


Por Cláudio Santos

A megaoperação Purificação, desencadeada nesta terça-feira (4) para prender policiais militares de nove batalhões do Rio envolvidos com a maior facção criminosa do Estado, prendeu 59 PMs até 10h30. Todos os policiais trabalhavam no Batalhão de Duque de Caxias (15º BPM) quando as investigações da força-tarefa começaram, há um ano. Eles são acusados de receber propina de traficantes para não coibir o tráfico de drogas em 13 favelas daquele município da Baixada Fluminense, dominadas pela mesma facção. O comando do batalhão foi trocado. O tenente-coronel Claudio de Lucas Lima, que estava à frente da unidade, foi deslocado para a DGP (Diretoria Geral de Pessoal), uma espécie de “geladeira” da corporação.
Foram expedidos pela Justiça 83 mandados de prisão, sendo 65 contra policiais militares e 18 contra traficantes. A força-tarefa é formada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança, pela Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal.

O Gaeco denunciou os acusados pelos crimes de formação de quadrilha armada, tráfico de drogas, associação para o tráfico, corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão mediante sequestro. Dos traficantes com mandados de prisão, quatro já se encontram presos, cumprindo pena por outros crimes. Também estão sendo cumpridos 112 mandados de busca e apreensão na casa dos denunciados e em batalhões da PM. Todos os presos estão sendo levados inicialmente para o QG da Polícia Militar e depois serão encaminhados para o presídio Bangu 8.

O principal alvo dos policiais investigados era a favela Vai Quem Quer, mas eles agiam também nas comunidades Beira-Mar, Santuário, Santa Clara, Centenário, Parada Angélica, Jardim Gramacho, Jardim Primavera, Corte Oito, Vila Real, Vila Operária, Parque das Missões e Complexo da Mangueirinha. De acordo com as investigações, os policiais militares não tinham um comando único e dividiam-se em 11 células autônomas.

No núcleo do tráfico, Carlos Braz Vitor da Silva, o “Paizão” ou “Fiote”, é suspeito de chefiar o tráfico nas favelas de Caxias e, de acordo com investigações, mesmo preso na Penitenciária Vicente Piragibe, no Complexo de Bangu, mantém frequentes contatos telefônicos com seus subordinados e continua dando ordens e recebendo informações detalhadas sobre a rotina do tráfico nas favelas, decidindo inclusive sobre os valores a serem pagos no “arrego”.
A denúncia relata que um dos homens de confiança de “Fiote” é Willian da Silva, “Pit” ou “Cabeça”, elemento de ligação entre a quadrilha e os policiais militares da região. Ele é o responsável pelo pagamento das propinas, pela negociação do resgate de homens do bando sequestrados por policiais e pela liberação dos carros apreendidos pelos policiais.
Conexão Rio-Mato Grosso do Sul
A quadrilha de “Fiote”, segundo a investigação, além de manter parceria com o tráfico de drogas no Complexo do Lins, no Parque União e na Favela Nova Holanda – que também estão sendo alvo da Operação Purificação – estendeu sua atuação para fora do Estado do Rio, estabelecendo relações com traficantes do Mato Grosso do Sul, de onde vem parte das drogas vendidas nas favelas de Duque de Caxias.
Outras peças importantes no bando de “Fiote”, de acordo com as investigações, são Valdirene Faria Barros, vulgo “Val”, que atua intermediando pagamentos a equipes de policiais em extorsões sofridas por integrantes dos bandos, e Lemuel Santos de Santana, vulgo “Doutor”, que tem a função de contratar advogados para defender traficantes presos e orientar a quadrilha na relação com PMs corruptos. As investigações da  Força-Tarefa apontam que o preço da propina flutuava de acordo com a capacidade de venda de drogas pelos bandidos.
Ainda durante as investigações, foi possível constatar que os policiais militares conheciam bem os bandidos. Foragido da Justiça, Jeferson Ferreira Abrantes, o “Nando” ou “Sorriso”, que atuava no abastecimento das bocas de fumo da comunidade Vai Quem Quer, era alvo constante de extorsões dos PMs, que exigiam pagamento de valores em dinheiro para a manutenção da sua liberdade.

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