Por Cláudio Santos
Um trem lotado de passageiros chocou-se nesta quarta-feira (22)
contra a plataforma da estação Once de Buenos Aires deixando 50 pessoas
mortas e 675 feridas, muitas delas retiradas das ferragens dos vagões
destruídos.
"O total de mortos chega a 50", afirmou na quarta-feira à noite Claudio Avruj, subsecretário de Direitos Humanos do governo de Buenos Aires, ao receber os números mais recentes do necrotério e do cemitério de Chacarita.
"O total de mortos chega a 50", afirmou na quarta-feira à noite Claudio Avruj, subsecretário de Direitos Humanos do governo de Buenos Aires, ao receber os números mais recentes do necrotério e do cemitério de Chacarita.
A batida ocorreu às 8h35 local (9h36 de Brasília) no terminal Once da capital argentina, depois que o trem não conseguiu frear.
O acidente foi o terceiro mais grave da história ferroviária da
Argentina, após as tragédias em Benavidez (periferia norte de Buenos
Aires), com 236 mortos em 1970, e em Santa Fé, com 55 mortos em 1978.
"Há pessoas com fraturas e ensanguentadas. Os feridos são muitos",
declarou um passageiro, que se identificou apenas como Ezequiel e que
viajava no segundo vagão, onde é autorizado o embarque com bicicletas.
Um dos vagões chegou a entrar 6 m no outro, segundo as autoridades.
"Havia pessoas que gritavam de desespero. Vi corpos mutilados e muito
sangue. As cabeças de alguns passageiros ficaram presas nas janelas",
disse à imprensa, na estação, um dos passageiros, Alejandro Velázquez.
A composição, da companhia privada TBA, trazia à capital 2.000
pessoas, na estrada de ferro Sarmiento, e entrou sem frear na plataforma
2 da estação, a uma velocidade de 20 km/h.
O secretário de Saúde de Buenos Aires, Jorge Lemus, revelou "600
feridos nos hospitais, 200 deles graves", mas o último boletim das
autoridades informava 675 feridos.
A presidente Cristina Kirchner suspendeu uma entrevista que
concederia na Casa de Governo sobre o estado do conflito com o Reino
Unido pelas Ilhas Malvinas.
"A composição entrou na estação a uma velocidade de 20 km/h" sem
frear, por causas que ainda são investigadas, disse o secretário de
Transporte do governo, Juan Pablo Schiavi, ao descrever o acidente.
Cenas da televisão local mostraram o resgate do maquinista, preso
entre as ferragens retorcidas da locomotiva, entre outros feridos que
eram transportados em macas.
"Senti a explosão do choque. Foi um barulho muito forte. O trem não
freou. Vi gente machucada no colo, braços, pernas", informou à TV Pedro
Fuentes, um dos passageiros.
A linha ferroviária urbana Sarmiento opera com intensidade em uma
distância de até 70 km e transporta diariamente a cerca de meio milhão
de pessoas.
Mais de 20 ambulâncias do serviço de emergência foram incorporadas ao
resgate e os feridos mais graves foram transportados num helicóptero da
polícia que aterrissou na praça Once, em frente à estação.
"O trem estava muito cheio. O impacto foi tremendo. Eu vinha num
vagão em que se pode viajar com bicicleta. As pessoas estavam
desesperadas para sair", contou Ezequiel.
Myriam, outra passageira, contou à rádio Plata o que aconteceu:
"Estava com meus filhos de 6 e 4 anos. Em um piscar de olhos estávamos
no chão. Nem sei como saímos".
A investigação do incidente foi aberta, mas Mónica Slotauer,
responsável pela limpeza da linha Sarmiento, afirmou que "os freios
falharam por causa da falta de investimento" nesta linha férrea.
Os trens utilizados pela empresa são da década de 1960.
O último acidente ferroviário ocorrido na Argentina aconteceu no dia
18 de dezembro, quando uma locomotiva se chocou contra um trem repleto
de passageiros parado numa estação da periferia sul da capital, o
acidente deixou 17 feridos.
Em 13 de setembro de 2011, nove pessoas morreram e 212 ficaram
feridas no choque de dois trens e um ônibus numa passagem de nível do
bairro metropolitano de Flores, a oeste, em um dos episódios mais graves
dos últimos anos.
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