Por Cláudio Santos
Sabe aquela máxima nunca diga nunca? Pois se serve para a vida prática cai como uma luva para a mão escorregadia da política.
A reaproximação entre o governador Eduardo Campos (PSB) e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), noticiada nesta quarta pelo Diario, em matéria da editora-assistente de Política, Andrea Pinheiro, é prova disso.
Os dois lideram grupos antagonistas no estado, travaram embate inflamados em disputas eleitorais, mas já foram aliados.
Quem sabe, buscaram no passado razões para um distensionamento no
futuro. Quem sabe, os tais interesses de Pernambuco não estariam
servindo de amálgama para selar um pacto de convivência. Vá saber.
Eduardo, de olho no propagado e combatido projeto nacional, tem
investido, sem censura, na conquista de espaço, apoios e holofotes.
Portanto, procurar um adversário em busca de diálogo não chega a ser
surpreendente.
Jarbas, liderança que sabe se fazer ouvir a partir de Brasília, pode
incomodar e muito o governador caso resolva iniciar uma campanha contra o
voo “federalizado” do socialista.
Conhece, como poucos, as mazelas de Pernambuco e pode construir um
discurso capaz atrapalhar os planos de Eduardo. Aguardemos, pois, os
desdobramentos dessa retomada de relação. Esta história toda pode até
não dá em aliança, mas vai dar muito o que falar.
Leia a matéria publicada no Diario clicando no link abaixo:
Inimigos em busca de trégua
Adversários históricos, o governador Eduardo Campos (PSB) e o
senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), de fato, estão numa campanha de
reaproximação. A troca de cumprimentos no Baile dos Artistas, há 15
dias, foi o desdobramento de um encontro que aconteceu em dezembro,
antes da viagem do socialista para a Europa com a família. A conversa
entre os dois foi realizada longe dos holofotes, na casa de um amigo
comum, no Recife, e durou cerca de três horas. Trataram de política
nacional, sem se ater às discussões locais.
O novo cenário da política pernambucana pode ser colocado como o
principal motivador da tentativa de restabelecer os vínculos. A
Eduardo não interessa alimentar brigas paroquiais. Presidente nacional
do PSB, o governador, cada vez mais, é referência para tratar de temas
que sensibilizam a opinião pública nacional, como a distribuição dos
royalties do petróleo. E, por isso, se tiver que lidar com oponentes,
prefere que eles também tenham inserção em todo o país. Não quer
inimizades geradas no seu estado natal. Aqui, quer ter uma convivência
de civilidade com todos, sem importar muito as bandeiras.
Jarbas, por sua vez, deliberadamente dedica o mandato no Senado a
questões nacionais. No primeiro discurso que fez na tribuna neste ano,
por exemplo, o peemedebista fez duras críticas à presidente Dilma
Rousseff. Não que ele se furte a tratar sobre os assuntos do estado –
ele articula a candidatura da oposição à Prefeitura do Recife. Mas,
mesmo provocado, evita fazer críticas às lideranças pernambucanas,
inclusive a Eduardo. O interesse do filho do senador Jarbinhas de
concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores do Recife também é
apontado como um novo componente dessa reaproximação. A nova geração
não pode se contaminar com “ódios” antigos.
Não é a primeira vez que um amigo comum de Eduardo e Jarbas age
para apaziguar a relação de ambos. Na campanha de 2006, o ex-ministro
Fernando Lyra, irmão do vice-governador João Lyra Neto (PDT), foi
fiador de um pacto de não agressão entre as duas lideranças. No
primeiro turno, quando Mendonça Filho (DEM), Humberto Costa (PT) e
Eduardo concorriam ao governo do estado, Jarbas e Eduardo não trocaram
acusações. No segundo turno, a campanha do hoje deputado federal
Mendonça Filho trouxe à tona o escândalo dos precatórios, mas Eduardo,
segundo dizem socialistas, não atribuiu o episódio a uma ação do
senador. Também foi Fernando Lyra o responsável por levar Jarbas ao
Hospital Esperança para visitar o ex-governador Miguel Arraes, avô de
Eduardo, em 2005. Na época, Arraes estava internado e faleceu poucos
dias depois.
Poucos aliados tomaram conhecimento do encontro de Eduardo e
Jarbas em dezembro. Nem mesmo os mais próximos confirmam a existência
da conversa. Os que foram informados sobre o assunto apostam que,
depois do carnaval, o governador e o senador voltarão a se reunir e,
dessa vez, com publicidade. Procurado pela reportagem, o senador não
atendeu aos telefonemas. O governador teve compromissos ontem em São
Paulo, de onde embarcou para a Colômbia.
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