Por Cláudio Santos
O terremoto e o tsunami que devastaram a costa nordeste do Japão, em março de 2011, uniram a colônia japonesa no Brasil em um prédio no bairro da Liberdade, região central de São Paulo conhecida pela decoração e arquitetura que lembram cidades japonesas.
No imóvel de três andares onde funciona a Associação Miyagui Kenjinkai do Brasil, descendentes, filhos e parentes de japoneses ou de brasileiros que moram no país asiático aguardaram juntos, após a tragédia de 11 de março de 2011, por notícias de quem estava lá, em meio à catástrofe que matou mais de 15 mil pessoas e deixou 3.000 desaparecidos.
Um telefone do escritório de Koichi Nakazawa, 68 anos, presidente da associação, era o centro das atenções. Todos esperavam que ele tocasse dando boas notícias. Mas ele demorou a tocar. Sentado no terraço da associação, diante de fotos de familiares, Nakazawa conta, emocionado:
- Logo depois que soubemos da tragédia, muitos associados começaram a me mandar e-mail pedindo notícias de parentes. Eu não sabia de nada. Mandei uma lista para o governo japonês informando nomes de pessoas que moravam em Miyagi. Mas não responderam.
Miyagi é uma das três Províncias mais afetadas pela tragédia. Muitas de suas cidades ficam na costa do Japão, destruída pelo tsunami. Nakazawa nasceu em Kesennuma, no litoral nordeste do Japão. Veio ao Brasil em 1963. Era de uma família de pescadores. Nakazawa não pescava – preferiu trabalhar como agricultor. Saiu do Japão para ganhar a vida no Brasil na lavoura e acabou morando em São Paulo.
Com uma revista repleta de fotos do terremoto e tsunami e um mapa do Japão, ele aponta a localização de sua cidade e mostra imagens da destruição. Emocionado, com voz embargada, ele relata:
- Eu estava sofrendo porque não tinha notícias do meu irmão. Ele morava em Kesennuma. Era pescador. Não conseguia ligar para ele, nem para amigos e parentes. Ninguém me respondia.
A associação da Liberdade começava a receber, diariamente, após o 11 de março de 2011, outros japoneses e filhos de japoneses que estavam na mesma condição.
- Era muito dolorido. Todos vinham para cá e ficavam olhando para o telefone. Quando tocava, dava confusão. Tinha muita gente chorando. Mas não chegavam notícias do Japão.
A única maneira de se informar era pelo noticiário de TV. Assistir às imagens, porém, só aumentava a angústia.
- Muita gente não aguentava nem ver a TV. Como sabíamos que não havia energia nem canais de comunicação, como telefones e internet, o jeito era orar e esperar.
Cinco horas no mar
A ansiedade durou uma semana. Só no dia 18 de março começaram a chegar notícias do Japão. No caso de Nakazawa a aflição durou mais um pouco. O irmão, Iwane, dois anos mais velho, conseguiu sair da área atingida pelo tsunami com os familiares. Mas ele passou por outro drama.
- Ele foi para um local mais alto com filhos, cunhados, netos, tios. Mas decidiu voltar à parte mais baixa da cidade para ver como tinha ficado. Foi uma besteira. Seguiu de carro e, no caminho, o veículo acabou sendo puxado por uma onda. Acabou parando no mar, e saiu do carro para não se afogar. Ele se agarrou a algum objeto e ficou flutuando, durante cinco horas, até conseguir nadar até a costa, em segurança.
Quando soube que o irmão tinha voltado à área afetada pelo tsunami, Nakazawa ficou desorientado.
- Foi uma semana muito desesperadora. Esse momento foi o mais aflitivo.
O irmão dele mora hoje em uma casa pré-fabricada, com a família, depois de passar sete meses em abrigos do governo.
- É apertado, mas tem conforto.
Como outros japoneses que frequentam a associação, Nakazawa critica o governo do Japão.
- Não havia infraestrutura nos portos da costa para suportar um tsunami dessa magnitude. E, hoje, há milhões de toneladas de entulho espalhadas pelo país. Muita gente ainda mora em abrigos.
Por isso a associação mantém uma conta-corrente no Bradesco (120/459-9) para doar dinheiro para as vítimas da tragédia.
- Desde março do ano passado mandamos dinheiro e comida, mas o povo dessa região do Japão ainda precisa de ajuda.
- Logo depois que soubemos da tragédia, muitos associados começaram a me mandar e-mail pedindo notícias de parentes. Eu não sabia de nada. Mandei uma lista para o governo japonês informando nomes de pessoas que moravam em Miyagi. Mas não responderam.
Miyagi é uma das três Províncias mais afetadas pela tragédia. Muitas de suas cidades ficam na costa do Japão, destruída pelo tsunami. Nakazawa nasceu em Kesennuma, no litoral nordeste do Japão. Veio ao Brasil em 1963. Era de uma família de pescadores. Nakazawa não pescava – preferiu trabalhar como agricultor. Saiu do Japão para ganhar a vida no Brasil na lavoura e acabou morando em São Paulo.
Com uma revista repleta de fotos do terremoto e tsunami e um mapa do Japão, ele aponta a localização de sua cidade e mostra imagens da destruição. Emocionado, com voz embargada, ele relata:
- Eu estava sofrendo porque não tinha notícias do meu irmão. Ele morava em Kesennuma. Era pescador. Não conseguia ligar para ele, nem para amigos e parentes. Ninguém me respondia.
A associação da Liberdade começava a receber, diariamente, após o 11 de março de 2011, outros japoneses e filhos de japoneses que estavam na mesma condição.
- Era muito dolorido. Todos vinham para cá e ficavam olhando para o telefone. Quando tocava, dava confusão. Tinha muita gente chorando. Mas não chegavam notícias do Japão.
A única maneira de se informar era pelo noticiário de TV. Assistir às imagens, porém, só aumentava a angústia.
- Muita gente não aguentava nem ver a TV. Como sabíamos que não havia energia nem canais de comunicação, como telefones e internet, o jeito era orar e esperar.
Cinco horas no mar
A ansiedade durou uma semana. Só no dia 18 de março começaram a chegar notícias do Japão. No caso de Nakazawa a aflição durou mais um pouco. O irmão, Iwane, dois anos mais velho, conseguiu sair da área atingida pelo tsunami com os familiares. Mas ele passou por outro drama.
- Ele foi para um local mais alto com filhos, cunhados, netos, tios. Mas decidiu voltar à parte mais baixa da cidade para ver como tinha ficado. Foi uma besteira. Seguiu de carro e, no caminho, o veículo acabou sendo puxado por uma onda. Acabou parando no mar, e saiu do carro para não se afogar. Ele se agarrou a algum objeto e ficou flutuando, durante cinco horas, até conseguir nadar até a costa, em segurança.
Quando soube que o irmão tinha voltado à área afetada pelo tsunami, Nakazawa ficou desorientado.
- Foi uma semana muito desesperadora. Esse momento foi o mais aflitivo.
O irmão dele mora hoje em uma casa pré-fabricada, com a família, depois de passar sete meses em abrigos do governo.
- É apertado, mas tem conforto.
Como outros japoneses que frequentam a associação, Nakazawa critica o governo do Japão.
- Não havia infraestrutura nos portos da costa para suportar um tsunami dessa magnitude. E, hoje, há milhões de toneladas de entulho espalhadas pelo país. Muita gente ainda mora em abrigos.
Por isso a associação mantém uma conta-corrente no Bradesco (120/459-9) para doar dinheiro para as vítimas da tragédia.
- Desde março do ano passado mandamos dinheiro e comida, mas o povo dessa região do Japão ainda precisa de ajuda.
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