O publicitário Ricardo Prudente de Aquino, 39 anos, foi morto após tentativa de abordagem de PMs
O coronel Hudson Camilli, comandante interino da Polícia Militar de São Paulo, afirmou, durante coletiva, nesta quinta-feira (19) que não houve falha técnica na abordagem dos policiais militares que resultou na morte do publicitário Ricardo Prudente de Aquino.
Segundo o coronel, antes de dispararem sete vezes contra Aquino, os policias envolvidos na casa tentaram, por duas vezes, parar o carro do publicitário. Os disparos só foram feitos, depois que a vítima tentou fugir do segundo bloqueio e segurou um aparelho celular, que foi confundido com uma arma.
Camilli explicou que, a partir do momento que alguém desobedece as ordens de parada da PM, qualquer ação posterior “é muito delicada”. Aquino foi atingido por dois tiros na cabeça. Outros cinco disparos atingiram o vidro frontal e a parte lateral do veículo.
O comandante interino da PM admitiu, entretanto, que a atitude dos PMs é questionada do ponto de vista legal, pois foi constatado que o publicitário não pretendia atirar contra os policiais militares.
— Do ponto de vista operacional não houve falhas. Mas legalmente a ação dos PMs foi inadequada, pois a vítima não ofereceu injusta agressão. [A abordagem] não atendeu aos pressupostos legais e eles [PMs] foram presos.
Soldados podem voltar às ruas
Os soldados Adriano Costa da Silva, de 26 anos, Luis Gustavo Teixeira, de 27 anos, e o cabo Robson Tadeu Nascimento, de 30, anos, já estão detidos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo. Eles podem voltar a trabalhar nas ruas da capital se a Justiça entender que não houve equívoco de procedimento, ressaltou Camilli.
O coronel negou que a Polícia Militar tenha cometido erros sucessivos neste mês no estado de São Paulo ao ser questionado sobre as recentes abordagens feitas pela PM que terminaram em morte. De acordo com ele, no mês de julho, 47 pessoas foram mortas por policiais em todo o Estado.
— Isso significa que 36% das abordagens com situações de confronto terminaram em mortes no estado. No levantamento que fizemos dos últimos 53 meses, a média mensal de óbitos em abordagens policiais é 37% do total.
Na madrugada desta quinta-feira, um carro foi atingido com mais de 25 tiros e um jovem morreu. Os quatros PMs que perseguiram o veículo também foram presos. Mesmo assim, Camilli disse que, estatisticamente, os incidentes recentes “não estão fora da normalidade”.
O caso
O jovem morreu na madrugada desta quinta-feira durante uma abordagem policial. Os três policiais militares do 23º Batalhão ficaram presos no 14º Distrito Policial durante a madrugada.
De acordo com o delegado da 3º Seccional Oeste, Dejair Rodrigues, os policiais informaram que faziam patrulhamento pela região, quando avistaram um veículo em alta velocidade. Na versão apresentada pelos PMs, Aquino teria desobedecido à ordem para parar. Por este motivo, foi iniciada uma perseguição.
O publicitário perdeu o controle da direção e atingiu outra viatura
da Força Tática, na avenida das Corujas, próximo da Praça do Por do Sol,
no Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Segundo o apurado
pelo delegado Pedro Ivo, que conduziu a ocorrência durante a madrugada,
Ricardo Prudente de Aquino não esboçou reação após a colisão do veículo
e, mesmo assim, foi baleado pelos militares. De acordo com o delegado da 3º Seccional Oeste, Dejair Rodrigues, os policiais informaram que faziam patrulhamento pela região, quando avistaram um veículo em alta velocidade. Na versão apresentada pelos PMs, Aquino teria desobedecido à ordem para parar. Por este motivo, foi iniciada uma perseguição.
No carro que era conduzido pelo publicitário havia, pelo menos, cinco marcas de tiros, quatro deles foram disparados diretamente na direção de Aquino. Após a condução da ocorrência e constatando que o publicitário não estava armado, o delegado Pedro Ivo deu voz de prisão para os policiais envolvidos na tentativa de abordagem.
Aquino, que havia ido visitar um amigo em Alphaville, estava a caminho de casa. Ele foi morto próximo ao seu apartamento, também na zona oeste.
R7
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