O magistrado Paulo Augusto Moreira Leite (esq.) pediu para deixar o caso, a promotora Léa Batista foi ameaçada e o agente Wilton Tapajós acaba de ser assassinado (dir.); até agora, este é o saldo da Operação Monte Carlo, o que revela que a PF pode ter desbaratado bem mais do que um esquema de jogos ilegais e achaques a poderosos, com apoio da imprensa
Por Cláudio Santos
Há pouco mais de duas semanas, o
juiz Paulo Augusto Moreira Leite, responsável pela prisão do bicheiro
Carlos Cachoeira e de todos os seus comparsas, como os espiões Idalberto
Matias e Jairo Martins, pediu para deixar a condução da Operação Monte
Carlo. Estava amedrontado.
Depois disso, a Polícia Federal prendeu, em Anápolis, o cunhado de
Cachoeira, Adriano Aprígio, que estaria enviando ameaças anônimas à
promotora Léa Batista.
Nesta quinta-feira, com dois tiros à queima-roupa, foi assassinado o
policial federal Wilton Tapajós Macedo, num cemitério em Brasília.
O que une os três personagens é o fato de terem participado da
Operação Monte Carlo, a ação da policial federal de maior repercussão
nos últimos anos por ter desbaratado uma quadrilha de jogos ilegais, mas
também com ampla influência em todos os poderes, inclusive nos meios de
comunicação.
Por ora, a polícia do Distrito Federal trabalha com a hipótese de
latrocínio: roubo seguido de morte. Mas não descarta as hipóteses de
queima de arquivo ou de vingança. Tido como policial exemplar, Wilton
Tapajós Macedo trabalhou também em casos de pedofilia e tráfico de
drogas, além da Operação Monte Carlo.
Dos presos na Operação Monte Carlo, já foram soltos os policiais
Jairo Martins e Dadá, bem como o diretor Claudio Abreu, da Delta, e o
ex-vereador Wladimir Garcez. Cachoeira quase saiu da prisão por decisão
do desembargador Tourinho Neto, do TRF, que resumiu o caso a um esquema
de jogos, amplamente tolerado pela sociedade brasileira.
Após a prisão do cunhado de Cachoeira, que vinha ameaçando a
promotora Léa Batista, Tourinho Neto foi duramente criticado pelo
senador Pedro Taques (PDT/MT). “Como fica agora o desembargador Tourinho
Neto?”, indagou Taques, da tribuna do Senado. “Estamos diante do crime
organizado, que ameaça servidores públicos”.
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