Por Cláudio Santos
O novo partido fundado
pela ex-senadora Marina Silva teve seu nome aclamado por militantes no
começo da tarde deste sábado (16). Batizado de Rede Sustentabilidade, a
nova legenda deve disputar a sua primeira eleição já em 2014. A palavra
que será usada nas urnas, segundo os fundadores do partido, será Rede.
Ex-senadora e atual vereadora de Maceió, Heloísa Helena (PSOL) participa de lançamento de partido ao lado de Marina Silva (Foto: Iara Lemos/ G1) |
O nome do partido foi
anunciado pela própria Marina Silva. A escolha se deu com base em
sugestões feitas por militantes na internet. O lançamento oficial da
legenda ocorreu em um evento realizado neste sábado, em Brasília.
"O nome é uma coisa muito importante porque é isto que vai constituir o nosso significado", disse Marina.
Antes de anunciar o nome
do partido, Marina e outros integrantes da coordenação geral do Rede
Sustentabilidade fizeram uma serie de discursos reforçando o programa da
nova legenda. Segundo Marina, o novo partido não se enquadra nos
conceitos de situação nem de oposição, mas terá posições formadas.
"Não somos oposição nem
situação a Dilma (...) Precisamos de pessoas que tenham posição formada.
Se a presidente Dilma fizer algo bom pelo Brasil, nossa posição será
favorável. Se fizer algo contra o Código Florestal, nossa posição será
contrária", disse.
Candidatura
Marina não descartou a
possibilidade de voltar a concorrer à Presidência, nas eleições de 2014.
Em 2010, a ex-senadora disputou o cargo pelo Partido Verde (PV).
"Obviamente, encaro a
possibilidade da minha candidatura mas, como é uma Rede, encaramos a
possibilidade de outra candidatura", disse. Ela afirmou, porém, que não
acredita na possibilidade de repetir em 2014 os cerca de 20 milhões de
votos recebidos em 2010.
"Eu acredito na política
como um processo vivo. Não temos como repetir 2010. Foi um momento
único na minha vida (...) Pode ser mais, pode ser menos", disse.
Em discurso inflamado
durante o evento de lançamento do novo partido, a também ex-senadora e
hoje vereadora em Maceió (AL), Heloísa Helena (PSOL), manifestou apoio à
candidatura de Marina Silva para a disputa da Presidência da República
em 2014.
"Eu quero ter a honra, e
por mais que a Marina não goste que eu fale, eu quero ter a honra de
vê-la disputando a Presidência em 2014", disse Heloísa, enquanto os
militantes gritavam "política urgente, Marina presidente".
Rede e o PT
Marina Silva afirmou que
a criação do novo partido se assemelha à fundação do PT, no começo dos
anos 80. Segundo ela, alguns militantes que defendem a criação da nova
legenda devem permanecer nos seus partidos.
"Será um erro muito
grande se deixarmos de nos identificar como movimento. Têm pessoas do
movimento que vão continuar no PV, no PT, no PSDB (...) Vamos continuar
sendo um movimento", disse.
O deputado federal
Walter Feldman, que foi um dos fundadores do PSDB, anunciou que irá
migrar para o novo partido. "Depois de muito pensar, sem nenhuma dúvida,
sem nenhum conflito, eu que fui um dos fundadores do PSDB, encerro um
ciclo", disse.
O deputado federal
Domingos Dutra, que foi um dos fundadores do PT, também afirmou que vai
integrar o novo partido. "Após 33 anos de PT, estou aqui para fazer uma
nova política", disse.
Estatuto
As regras que vão
nortear o novo partido também foram debatidas no encontro. O estatuto
vai determinar que o partido não vai aceitar doações financeiras que
venham de Indústrias de armas, bebidas alcoólicas e de agrotóxicos.
Também será estabelecido um teto para doações feitas por pessoas físicas
e jurídicas que queiram colaborar com a legenda.
O limite de valor das
doações, segundo os organizadores, será definido pela coordenação
nacional da legenda, que será escolhida assim que o partido for
oficializado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O objetivo do partido é
que as doações sejam feitas basicamente pela internet, seguindo o mesmo
modelo utilizado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
durante a campanha eleitoral.
O estatuto do novo
partido também prevê a realização de prévias para a escolha dos
candidatos que vão disputar eleições pela legenda.
Suplicy
O senador Eduardo
Suplicy (PT-SP), único senador presente no evento, disse, ao discursar,
que se sente tentado a entrar no novo partido. Ele afirmou, porém, que
tem compromisso com o PT e que não tem intenção de deixar o partido.
"Isso (filiação) precisa
ser com calma. Tenho razões para lhes dizer: eu sou do PT, fico super
honrado e tentado a cair na Rede, mas eu tenho um compromisso sim,
enquanto o PT estiver com as portas abertas para propostas como esta",
disse.
Suplicy foi o primeiro a
assinar o documento que pede a criação do novo partido. A assinatura
foi colocada no documento sob os gritos dos militantes que clamavam
"Suplicy, vem para a rede, vem". Ao todo, os militantes precisam coletar
500 mil assinaturas para requerer o registro junto ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
Para que o partido possa
concorrer na próxima eleição, o registro precisa ser feito até outubro
deste ano. "Ele colocou o nome para nos ajudar a pedir a criação do novo
partido. Não está se filiando à Rede", disse Marina Silva.
Em seu discurso, Suplicy
defendeu bandeiras que constam do estatuto do novo partido, como a
realização de prévias para a escolha de candidatos e a transparência das
doações feitas para as campanhas políticas.
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