Desde o início da greve, em 31 de janeiro, foram registrados 130 homicídios no Estado e a paralisação, que chegou ao nono dia nesta quarta-feira, elevou os índices de roubos, assaltos e homicídios da Bahia, Estado que tem uma das maiores taxas de criminalidade do país.
Com o Carnaval de rua
de Salvador, um dos maiores do mundo, a cidade tinha a expectativa de
atrair 2 milhões de foliões neste ano, 500 mil deles estrangeiros,
segundo a empresa municipal de turismo. A festa gera cerca de 210 mil
empregos.
"Ôôô, o Carnaval acabou", gritaram em coro policiais
grevistas do lado de fora da Assembleia Legislativa, em Salvador, onde
cerca de 300 policiais militares estão acampados desde o início da greve
na terça-feira da semana passada.
Próximos ao cerco que tropas
federais impõem à Assembleia, os manifestantes entoaram um coro que
expressa um sentimento que o setor de turismo tenta evitar diante do
aumento das tensões.
Atrações pré-Carnaval, que teriam a
participação de estrelas disputadas como Ivete Sangalo e Claudia Leitte,
foram canceladas devido à greve, e operadores de turismo já
contabilizam desistências devido à paralisação.
"O impacto já
houve, está acontecendo e é grande. Turismo é muito sensível e vai haver
uma diminuição das vendas", disse o presidente da seção baiana da
Associação Brasileira das Agências de Viagens, Pedro Galvão. "A imagem
da Bahia já foi afetada, arranhada pela greve."
Cerca de 10 por
cento do total dos pacotes fechados foram cancelados desde o início da
paralisação, segundo Galvão, que previu desistências maiores caso o
movimento não seja encerrado esta semana.
Os hotéis de Salvador
negam haver uma desistência em série de foliões, mas relatam preocupação
dos turistas, sobretudo dos estrangeiros.
"Os turistas
estrangeiros estão ligando para saber. Quem não comprou ainda está
aguardando o desfecho, ainda tem uma semana que será crucial", disse o
gerente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis na Bahia, Luis
Blanc.
Mais de 3 mil homens das Forças Armadas, da Polícia Federal
e da Força Nacional de segurança Pública foram enviados às ruas da
Bahia para manter a ordem durante a greve, que é apoiada por cerca de 20
por cento dos 31 mil policiais militares, segundo estimativas da PM
baiana.
Os policiais grevistas pedem reajuste salarial e
incremento nas gratificações. O governo Jacques Wagner (PT) ofereceu
reajuste de 6,5 por cento retroativo a 1o de janeiro e aumento
escalonado nas gratificações.
O maior impasse para um acordo, no
entanto, é a reivindicação de que sejam revogados 12 mandados de prisão
emitidos contra líderes da paralisação e para que os participantes da
greve sejam anistiados. O governo baiano rejeita os dois pedidos.
Sem
um acordo entre grevistas e governo, a situação voltou a ficar tensa em
frente à Assembleia Legislativa na manhã desta quarta. Mil soldados do
Exército que cercam o prédio desde segunda-feira fecharam todos os
acessos, impedindo a entrada de pessoas e mantimentos.
Cartões-postais
da cidade, como o Pelourinho e o Farol da Barra, estão sendo
patrulhados pelos homens do Exército, mas em outras ruas menos
disputadas da cidade, poucos deles eram vistos.
Salvador receberá
jogos da Copa do Mundo de 2014 e pode sediar partidas da Copa das
Confederações, que será disputada em junho do ano que vem.
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