Por Cláudio Santos
A presidente Dilma Rousseff afirmou
nesta quarta-feira que a troca de ministros de seu governo, esperada
desde janeiro, não é um tema de sua agenda nesta semana, e não comentou
especulações de nomes que ocupariam ou deixariam pastas de seu governo.
O comentário veio depois de ela pedir, na noite de terça-feira,
"mais tempo" e "paciência" ao PMDB, principal partido aliado em seu
governo, em conversa com o vice-presidente da República, Michel Temer,
que é presidente licenciado da sigla e com quem Dilma se reuniu no
Palácio da Alvorada. Dois integrantes do governo fizeram relatos da
conversa à Reuters.
O PMDB, que desde o início do governo reclama por mais espaço e
ministérios mais operacionais, tem a expectativa de ampliar as áreas de
comando na Esplanada e trocar alguns nomes. O partido comanda as pastas
das Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Previdência e Assuntos
Estratégicos.
"Eu não vou falar sobre isso (mudanças ministeriais) porque não é
meu tema nessa semana", disse a presidente ao ser questionada no
Palácio do Planalto por jornalistas sobre trocas nos ministérios.
Ela citou eventos na área da Ciência e Tecnologia na quinta e o
lançamento na nova política de direitos do consumidor, na sexta, como
suas prioridades na semana.
A presidente quer fazer mais uma rodada de conversas com aliados,
segundo um assessor próximo, antes de fechar o desenho das
modificações.
Relatos da conversa entre Dilma e Temer dão como quase certa a
ida do presidente do PMDB de Minas Gerais, Antonio Andrade, para um
ministério. Segundo fontes ouvidas sob condição de anonimato, o PMDB
deseja a troca no comando das pastas da Agricultura e Assuntos
Estratégicos e assumir a Secretaria da Aviação Civil.
Dilma também pode fazer trocas ainda no comando do Ministério dos
Transportes para agradar ao PR, partido que teoricamente comanda a
pasta, mas que não reconhece o atual ministro, Paulo Passos, como cota
da legenda. O PR não se sente no comando da área desde que o senador
Alfredo Nascimento deixou o posto na esteira de denúncias de
irregularidades.
O Ministério do Trabalho, que segundo fontes do Planalto deveria
sofrer alterações nesta semana a pedido da cúpula do partido, presidido
pelo ex-ministro Carlos Lupi --que também deixou o cargo em 2011 em meio
a denúncias--, é um impasse, porque Dilma gosta do atual ministro,
Brizola Neto, nome que hoje não unifica o apoio do PDT ao governo.
O partido passa por eleições para o novo diretório nacional no
próximo dia 22, quando Lupi deve enfrentar candidato que apoia Brizola
Neto.
A única mudança dada como certa por assessores da presidente é a
incorporação do PSD ao seu governo, com o comando de um ministério. A
presidente voltou a avaliar se daria duas pastas à sigla, que tem a
quarta maior bancada na Câmara dos Deputados.
Além de adicionar formalmente o PSD à base aliada, as trocas têm
como objetivo apaziguar a relação com PR e PDT, partidos descontentes
desde 2011, quando suas principais lideranças deixaram ministérios por
suspeitas de irregularidade nas pastas, a um ano e meio das eleições
presidenciais de 2014, quando Dilma deve concorrer à reeleição.
(Reportagem de Ana Flor)
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