" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



sábado, 23 de março de 2013

Número de indiciados “surpreendeu”, diz representante de vítimas de Santa Maria



Rafael Happke /Futura Press/Estadão Conteúdo Familiares das vítimas se emocionaram durante exibição de vídeos sobre a tragédia 
 
Por Cláudio Santos
 
O presidente da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), Adherbal Alves Ferreira, avaliou como positivo o resultado da investigação do incêndio na boate Kiss, que deixou 241 mortos e 623 feridos. Ao todo, 16 pessoas foram indiciadas criminalmente pela tragédia.

— Foi uma grande surpresa para nós porque não sabíamos que tantos iam ser indiciados. Foi uma surpresa de certa forma satisfatória.

De acordo com Ferreira, seis pessoas da associação acompanharam a apresentação do inquérito na tarde desta sexta-feira (22). O documento é composto por 13 mil páginas divididas em 52 volumes e foi entregue na 1ª Vara Criminal pelos delegados Marcelo Arigony e Sandro Meinerz, responsáveis pela investigação.

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Vídeos do incêndio foram divulgados pela polícia durante a coletiva, que aconteceu no campus da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Segundo Ferreira, que perdeu uma filha na tragédia, esse foi o momento que mais ”emocionou” os familiares.

—  O que mais nos chocou foi o vídeo que a gente assistiu lá daquele momento da tragédia, dos gritos, dos nossos filhos.

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No próximo domingo (24), os pais das vítimas vão se reunir para analisar o inquérito.

Indiciados

Foram indiciados criminalmente por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, o cantor e produtor da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão; os dois sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann; o gerente do estabelecimento, Ricardo de Castro; a mãe e a irmã de Spohr, Marlene Teresinha Calegaro e Ângela Calegaro e dois bombeiros que realizaram vistoria no local antes do incêndio: Gilso Martins Dias e Vagner Guimarães Coelho.

O atual secretário municipal de Mobilidade Urbana, Miguel Caetano Passini, o secretário municipal do Meio Ambiente, Luiz Alberto Carvalho Junior, o chefe da fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana, Beloyannes Orengo de Pietro Júnior, e o funcionário da secretaria de Finanças que emitiu o alvará de localização da boate, Marcus Vinicius Bittencourt Biermann, responderão por homicídio culposo - quando não há intenção de matar.

Já o major Gerson da Rosa Pereira e o sargento Renan Severo Berleze, do Corpo de Bombeiros, que incluíram documentos na pasta referente ao alvará da boate, foram indiciados por fraude processual.

Principais conclusões

O delegado Marcelo Arigony informou que as investigações apontaram que a boate não tinha condições de funcionar. Além do uso indevido de fogos de artifícios, a casa de show possuia barras de ferro de contenção que impediram a saída das pessoas do local e não tinha saídas de emergência. Mais de 119 pessoas disseram em depoimento que a boate estava superlotada, o que foi comprovado.

Os delegados envolvidos no caso participaram de uma entrevista coletiva, que começou por volta das 14h30 desta sexta-feira (22), no campus da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), para anunciar as informações contidas no inquérito.

Desde o dia 28 de janeiro, dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira — o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Augusto Bonilha Leão — estão presos. O grupo, que se apresentava na casa noturna no momento da tragédia, teria usado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos. Dois sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, também estão presos.

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