Por Cláudio Santos
Artur,
de quatro meses, é a concretização daquilo que sua mãe, Elaine Argenton
Cristófaro, chama de milagre. Curado da hepatite fulminante, doença que
deteriora as funções do fígado e que pode levar à morte, o bebê de
Jaboticabal (SP) leva uma vida normal dois meses depois de sobreviver a um delicado transplante de aproximadamente dez horas.
Um
procedimento que, além da habilidade médica, contou com acaso e
generosidade: na fila do transplante, Artur conseguiu um fígado extraído
de uma criança de 7 anos que havia morrido de meningite. Glândula que
ainda assim foi reduzida em três vezes para se adaptar ao organismo do
bebê.
"A gente recebeu uma benção dessa família que perdeu uma criança e doou o órgão. A gente diz que é um milagre, porque recebemos nosso filho de volta", afirma Elaine sobre a sucessão de fatos que reverteram um caso que parecia sem solução em final feliz.
A família ainda lembra em detalhes os primeiros sintomas da enfermidade no filho, sobretudo da diarreia incomum, quando ele ainda não tinha completado dois meses. Como se não bastasse a pele amarelada e inchada, as fezes do recém-nascido constantemente vinham com sangue. "Ele tinha que renovar sangue todo dia", relata o pai da criança, o faturista Adalberto Cristófaro.
Com o passar dos dias, as medicações que garantiam o funcionamento do fígado – responsável por limpar impurezas transportadas pelo sangue – se mostravam cada vez menos eficazes. Os riscos de sequelas, para não dizer de morte, gradativamente eram maiores e a única saída era o complicado procedimento cirúrgico, que poderia ou não dar certo. "Era uma corrida contra o tempo, pois ele estava piorando a cada dia", conta a mãe.
O
desespero levou os pais ao Hospital das Clínicas de São Paulo, onde
conseguiram em dois dias uma cirurgia para o bebê. "Era uma terça-feira
quando chegamos. Na quinta-feira apareceu o órgão do doador", disse
Elaine.
A fonte de esperança para a família era um fígado que, embora retirado de uma criança de apenas 7 anos, não poderia ser utilizado naquelas condições sem uma adaptação minuciosa, explica o coordenador de transplante hepático do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), Ênio David Mendes.
"O importante no transplante é a questão da compatibilidade. Em crianças pequenas como essa, dificilmente se consegue um órgão em tamanho compatível. Então teria que ser feita uma redução", explica Mendes.
As cerca de dez horas que separaram o desespero da alegria na família de Jaboticabal durante o transplante ficaram marcadas na memória de Elaine: "Ele entrou em cirurgia às 18h de uma quinta-feira e saiu às 3h de sexta-feira", disse, sobre o momento em que Artur foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ficou por três dias em observação antes de ser levado de volta para casa.
Hoje Artur mama, brinca e dorme normalmente, como se tivesse nascido de novo para os seus pais. "Ele é perfeito", comemora a mãe.
Do G1
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