Por Claudio Santos
Imagens gravadas pela equipe do Jornal Nacional mostram a prostituição infantil e o tráfico de drogas em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Durante dois meses, a equipe acompanhou e comprovou: um bar é o maior centro de prostituição do bairro. O local fica a poucos metros de alguns dos hotéis mais caros do país.
De madrugada, um trecho da Avenida Atlântica, um dos pontos turísticos mais conhecidos do mundo, se transforma.
A maioria dos frequentadores é formada por estrangeiros. “Eu adoro mulher brasileira”, conta um turista. Mas, no local, muitas garotas de programa ainda são meninas: “Eu tenho 16 agora. Fiz em janeiro”, revela uma delas.
Outra diz que tem 17 anos. Ela e a irmã, de 20 anos, contam como fazem para enganar a polícia. “Ela copiou a minha identidade”, explica a irmã. “Com o nome dela, mas com a minha foto”, acrescenta a menor.
A reportagem mostra, ainda, outro menor que também se prostitui. Ele trabalha como travesti e já prestou duas queixas por agressão contra seguranças da boate. O registro de ocorrência revela a idade do garoto: 15 anos.
Traficantes usam garotas para atrair clientesA prostituição infantil não é o único crime cometido nas calçadas. Traficantes de drogas aproveitam a grande movimentação de pessoas pelo local e usam garotas de programa para aumentar a clientela.
As duas irmãs dizem que, em troca de segurança, levam os clientes para comprar drogas com os traficantes. “Quando a gente fica com alguém que usa, joga para eles”, detalha uma delas.
Investigações apontam que um homem que aparece nas imagens, conhecido como “Batata”, é um dos traficantes que atuam na frente do bar. Ele conta que depois da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora em Copacabana, ficou mais difícil conseguir droga nas bocas de fumo dos morros.
“Tabajara tem a UPP, mané. E ‘boca’ lá só para os moradores, mané”, avisa ele. “Aqui no asfalto, vou te falar, tem bagulho aqui, mané.”
A equipe do Jornal Nacional flagrou um encontro de Batata com a mulher que traz a droga do morro para ele vender. Ela se apresenta como "Juninho". Apesar de desconfiado, Batata admite que tem a droga para vender.
Batata: "Se ‘tu’ for polícia, não me prende não, irmão."
Homem: "Não, tranquilo."
Batata: "Eu tenho nada a ver não, irmão. Só ‘tô’ fazendo um adianto pra ‘tu’, irmão."
Homem: "Lógico."
Batata: "Pô, pelo amor de Deus."
Batata: "Se ‘tu’ for polícia, não me prende não, irmão."
Homem: "Não, tranquilo."
Batata: "Eu tenho nada a ver não, irmão. Só ‘tô’ fazendo um adianto pra ‘tu’, irmão."
Homem: "Lógico."
Batata: "Pô, pelo amor de Deus."
Homem: "Não, mas aí, tem?"
Batata: "Tenho, já ‘tá’ na mão."
Batata: "Tenho, já ‘tá’ na mão."
A equipe não compra a droga, mas registra a venda para um homem. “Quando o batata não estiver aqui, eu estou aqui. Mas é que ele pega sempre comigo para ele ganhar um dinheiro em cima”, informou uma suspeita, que entrega a cocaína para um informante.
PM diz que faz operações na área
O tenente-coronel Cláudio Costa, comandante do 19º BPM (Copacabana), afirmou que faz operações na área, mas encontra dificuldades para manter os traficantes na cadeia: “Eles se utilizam de pequenas quantidades justamente para quando forem presos entrarem na condição de usuários”, explicou ele.
O tenente-coronel Cláudio Costa, comandante do 19º BPM (Copacabana), afirmou que faz operações na área, mas encontra dificuldades para manter os traficantes na cadeia: “Eles se utilizam de pequenas quantidades justamente para quando forem presos entrarem na condição de usuários”, explicou ele.
O delegado da região, Márcio Mendonça, disse que vai pedir à prefeitura a cassação do alvará de funcionamento do bar: “Com o término do funcionamento deste bar, a gente acredita que esses crimes que possam estar sendo praticados ao redor daquele bar deixariam de existir. Traria mais tranquilidade para a região”, afirmou.
De acordo com a polícia, três suspeitos de traficar drogas em frente ao bar mostrado na reportagem foram presos nesta madrugada.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário