Por Cláudiom Santos
O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal),
relator do processo sobre o direito de as gestantes interromperem a
gravidez nos casos em que há fetos anencéfalos (malformação do tubo
neural), votou nesta quarta-feira (11) a favor do direito ao aborto
nestes casos. Segundo ele, compete à Corte Suprema assegurar o direito à
escolha das gestantes que estão grávidas de fetos anencéfalos.
O relator lembrou que o Brasil é um Estado laico e que “concepções religiosas não podem guiar as decisões estatais, devendo ficar circunscritas à esfera privada”.
— O Estado não é religioso nem ateu. O Estado é simplesmente neutro. O
direito não se submete à religião. [...] Estão em jogo a privacidade, a
autonomia e a dignidade humana dessas mulheres. Hão de ser respeitadas
tanto as que optem por prosseguir a gravidez quanto as que prefiram
interromper a gravidez para pôr fim ou minimizar um estado de
sofrimento. Não se pode exigir da mulher aquilo que o Estado não vai
fornecer por meio de manobras médicas.
Mello lembrou que a gravidez representa um "alto risco" para a mulher e que, em última instância, a decisão deve ser dela.
— Não cabe impor às mulheres o sentimento de mera incubadora, ou melhor, caixões ambulantes.
Segundo ele, “o anencéfalo é tal qual um morto cerebral”, por não ter
atividade cerebral. O ministro disse ainda que o feto com má-formação
cerebral não é alguém com deficiência física, já que não há
possibilidade de sobrevida fora do útero.
Mello afirmou que seu voto é favorável à “antecipação terapêutica do
parto”, o que para ele é diferente do aborto, pois a Constituição só
autoriza em caso de estupro e riscos à saúde da grávida. Ao ler o voto
por cerca de 2 horas e 15 minutos, o relator disse que era procedente a
ação em julgamento.
O julgamento no STF foi interrompido por volta das 12h40 e será
retomado às 14h30. A decisão foi anunciada pelo presidente da Suprema
Corte, Cézar Pelluso, para que os ministros, advogados e pessoas que
acompanham a sessão pudessem almoçar.
Outros argumentos
Antes de relator, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defendeu o direito de as gestantes interromperem a gravidez nos casos em que há fetos anencéfalos. Ele ressaltou, no entanto, que caberá à gestante optar se deseja ser submetida à intervenção cirúrgica para interromper a gravidez.
Há oito anos, o processo está na Suprema Corte. O julgamento hoje começou por volta das 9h40 e a previsão é que a sessão dure todo o dia. O tema divide opiniões.
Mello foi o primeiro ministro a se manifestar, depois dele virão Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cézar Pelluso. O ministro Antonio Dias Toffoli não votará, pois no passado, quando era advogado-geral da União, manifestou-se favorável à interrupção da gravidez no caso de anencéfalos.
Antes de relator, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defendeu o direito de as gestantes interromperem a gravidez nos casos em que há fetos anencéfalos. Ele ressaltou, no entanto, que caberá à gestante optar se deseja ser submetida à intervenção cirúrgica para interromper a gravidez.
Há oito anos, o processo está na Suprema Corte. O julgamento hoje começou por volta das 9h40 e a previsão é que a sessão dure todo o dia. O tema divide opiniões.
Mello foi o primeiro ministro a se manifestar, depois dele virão Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cézar Pelluso. O ministro Antonio Dias Toffoli não votará, pois no passado, quando era advogado-geral da União, manifestou-se favorável à interrupção da gravidez no caso de anencéfalos.
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