Por Cláudio Santos
“Foi uma cena assustadora”. Esta foi a definição do perito do
Instituto de Criminalística (IC), Raimundo Gomes, ao comentar acerca de
um homicídio ocorrido na manhã do último sábado, na rua Santa Maria,
número 20, na Vila Sotave, em Prazeres, no município de Jaboatão dos
Guararapes. Naquele endereço, a professora Mirtes Juliana Araújo Silva,
30, foi assassinada com um pedaço de ferro e logo depois esquartejada
pelo próprio companheiro, o garçom Luiz Antônio dos Santos Júnior, 34.
O crime, além de chocar a polícia, relembra dois recentes casos de
esquartejamento que tiveram repercussão nacional: o primeiro deles,
ocorrido em Garanhuns, no Agreste pernambucano, quando o trio de
canibais assassinou e esquartejou pelo menos quatro pessoas; o segundo
caso ocorreu no início deste mês, em São Paulo, quando a esposa
esquartejou o marido Marcos Kitano Matsunaga, diretor-executivo da
empresa alimentícia Yoki
No caso de Prazeres, conforme a polícia, o casal vivia junto há cerca
de dez anos e tinha uma filha de sete anos. Após matar a mulher, Luiz
colocou as partes do cadáver em três sacos pretos e os levou de ônibus,
em algumas viagens, até a casa da mãe dele, a aposentada Maria Ivone de
Souza, 65, que reside na Travessa Bom Jesus, 76, Cohab III, em Vila
Rica, também em Jaboatão. Apenas por volta das 17h do sábado os
policiais do 6º BPM foram acionados e conseguiram isolar a área onde o
corpo estava.
Maria Ivone, primeira a ver o corpo de Mirtes, relatou que encontrou
os sacos por volta das 9h do sábado. “Saí de casa e, quando voltei, uma
vizinha disse que Júnior (filho dela) tinha ido lá. Quando entrei, vi os
sacos e pensei que fosse carne, porque ele levava comida para mim.
Quando abri, foi logo na parte da cabeça dela”, contou. A senhora,
então, pediu para que a vizinha confirmasse se o corpo era da nora e,
depois, foi prestar queixa na Delegacia de Prazeres. Entretanto, quando
Luiz soube que a mãe estava na unidade policial, foi em busca da
genitora, onde acabou sendo preso e conduzido ao Departamento de
Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
De acordo com Maria Ivone, o relacionamento dela com a nora não era
pacífico. “Ela só queria tudo do bom e não trabalhava. Meu filho dava
tudo a ela e eu também, mas ela só fazia reclamar”, disse. O pai de
Mirtes, o comerciante Vladimir Caetano da Silva, 52, por sua vez, não
quis comentar sobre o relacionamento da filha com Luiz. “Ela não me
contava muita coisa não”, justificou.
O crime, conforme o acusado, não havia sido prémeditado. A
justificativa apresentada pelo acusado é a de que Mirtes, inicialmente,
teria tentado matá-lo. “Isso foi briga familiar de casal”, afirmou Luiz
Antônio. De acordo com ele, discussões entre ambos eram frequentes. “Eu
já vinha querendo sair de casa há um tempo. Ontem (sexta), já fui dormir
tarde e hoje (sábado) me acordei com ela brigando. Foi quando ela pegou
uma faca e tomei dela. Não pensei em nada, só fiz o que aconteceu,
mesmo”, relatou.
Acerca do local onde o crime ocorreu, o perito Raimundo Gomes
informou que foram observadas alterações durante a perícia criminal. “A
casa aparentava ter sido lavada. Mas existe um odor nos sacos onde o
corpo estava que coincide com o que estava na residência. Então, tudo
indica que o homicídio foi praticado aqui mesmo”, contou o especialista
sobre a residência situada na Vila Sotave.
Raimundo Gomes ainda revelou que a faca usada no crime, uma espécie
de cutelo, estava dentro do armário, como o próprio acusado havia dito à
polícia. Já na casa da mãe de Luiz Antônio estavam as três partes do
corpo. “Ele colocou as pernas e os braços em um saco, as coxas em outro,
e o tronco em um terceiro. Mas a gente ainda não sabe como ele trouxe
os sacos”, atestou o perito.
Conforme o delegado da Força Tarefa Sul do DHPP, João Felipe, em
depoimento, o acusado disse que teria cometido o crime por conta de
problemas conjugais, agravados com uma suposta traição. “O principal
motivo do crime foi o imóvel, pois ela comprou a casa e ele estava
reformando. Eles discutiam muito por conta da casa. Por conta disso, ela
deu um prazo para que ele fosse embora. Para piorar, ele suspeitava que
ela (Mirtes) estava se engraçando para outro homem”, contou.
Luiz Antônio foi encaminhado ao Centro de Triagem (Cotel), onde irá
responder por homicídio quadruplamente qualificado. Isso porque, ele se
utilizou de requintes de crueldade, ocultou o cadáver, esquartejou e a
vítima não teve como se defender. A pena para esse tipo de crime,
conforme o delegado, pode variar entre 12 e 30 anos de prisão.
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