" Sigo em frente, pra frente eu vou
sigo enfrentando as ondas onde muita gente naufragou ..."



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Morta e esquartejada pelo marido Após cometer o crime, acusado deixou os restos mortais na casa da mãe dele


Luiz Antônio dos Santos contou à polícia que matou Mirtes Juliana (det.) por conta de problemas conjugais

Por Cláudio Santos
 “Foi uma cena assustadora”. Esta foi a definição do perito do Instituto de Criminalística (IC), Raimundo Gomes, ao comentar acerca de um homicídio ocorrido na manhã do último sábado, na rua Santa Maria, número 20, na Vila Sotave, em Prazeres, no município de Jaboatão dos Guararapes. Naquele endereço, a professora Mirtes Juliana Araújo Silva, 30, foi assassinada com um pedaço de ferro e logo depois esquartejada pelo próprio companheiro, o garçom Luiz Antônio dos Santos Júnior, 34.
O crime, além de chocar a polícia, relembra dois recentes casos de esquartejamento que tiveram repercussão nacional: o primeiro deles, ocorrido em Garanhuns, no Agreste pernambucano, quando o trio de canibais assassinou e esquartejou pelo menos quatro pessoas; o segundo caso ocorreu no início deste mês, em São Paulo, quando a esposa esquartejou o marido Marcos Kitano Matsunaga, diretor-executivo da empresa alimentícia Yoki
No caso de Prazeres, conforme a polícia, o casal vivia junto há cerca de dez anos e tinha uma filha de sete anos. Após matar a mulher, Luiz colocou as partes do cadáver em três sacos pretos e os levou de ônibus, em algumas viagens, até a casa da mãe dele, a aposentada Maria Ivone de Souza, 65, que reside na Travessa Bom Jesus, 76, Cohab III, em Vila Rica, também em Jaboatão. Apenas por volta das 17h do sábado os policiais do 6º BPM foram acionados e conseguiram isolar a área onde o corpo estava.
Maria Ivone, primeira a ver o corpo de Mirtes, relatou que encontrou os sacos por volta das 9h do sábado. “Saí de casa e, quando voltei, uma vizinha disse que Júnior (filho dela) tinha ido lá. Quando entrei, vi os sacos e pensei que fosse carne, porque ele levava comida para mim. Quando abri, foi logo na parte da cabeça dela”, contou. A senhora, então, pediu para que a vizinha confirmasse se o corpo era da nora e, depois, foi prestar queixa na Delegacia de Prazeres. Entretanto, quando Luiz soube que a mãe estava na unidade policial, foi em busca da genitora, onde acabou sendo preso e conduzido ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
De acordo com Maria Ivone, o relacionamento dela com a nora não era pacífico. “Ela só queria tudo do bom e não trabalhava. Meu filho dava tudo a ela e eu também, mas ela só fazia reclamar”, disse. O pai de Mirtes, o comerciante Vladimir Caetano da Silva, 52, por sua vez, não quis comentar sobre o relacionamento da filha com Luiz. “Ela não me contava muita coisa não”, justificou.
O crime, conforme o acusado, não havia sido prémeditado. A justificativa apresentada pelo acusado é a de que Mirtes, inicialmente, teria tentado matá-lo. “Isso foi briga familiar de casal”, afirmou Luiz Antônio. De acordo com ele, discussões entre ambos eram frequentes. “Eu já vinha querendo sair de casa há um tempo. Ontem (sexta), já fui dormir tarde e hoje (sábado) me acordei com ela brigando. Foi quando ela pegou uma faca e tomei dela. Não pensei em nada, só fiz o que aconteceu, mesmo”, relatou.
Acerca do local onde o crime ocorreu, o perito Raimundo Gomes informou que foram observadas alterações durante a perícia criminal. “A casa aparentava ter sido lavada. Mas existe um odor nos sacos onde o corpo estava que coincide com o que estava na residência. Então, tudo indica que o homicídio foi praticado aqui mesmo”, contou o especialista sobre a residência situada na Vila Sotave.
Raimundo Gomes ainda revelou que a faca usada no crime, uma espécie de cutelo, estava dentro do armário, como o próprio acusado havia dito à polícia. Já na casa da mãe de Luiz Antônio estavam as três partes do corpo. “Ele colocou as pernas e os braços em um saco, as coxas em outro, e o tronco em um terceiro. Mas a gente ainda não sabe como ele trouxe os sacos”, atestou o perito.
Conforme o delegado da Força Tarefa Sul do DHPP, João Felipe, em depoimento, o acusado disse que teria cometido o crime por conta de problemas conjugais, agravados com uma suposta traição. “O principal motivo do crime foi o imóvel, pois ela comprou a casa e ele estava reformando. Eles discutiam muito por conta da casa. Por conta disso, ela deu um prazo para que ele fosse embora. Para piorar, ele suspeitava que ela (Mirtes) estava se engraçando para outro homem”, contou.
Luiz Antônio foi encaminhado ao Centro de Triagem (Cotel), onde irá responder por homicídio quadruplamente qualificado. Isso porque, ele se utilizou de requintes de crueldade, ocultou o cadáver, esquartejou e a vítima não teve como se defender. A pena para esse tipo de crime, conforme o delegado, pode variar entre 12 e 30 anos de prisão.

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