Por Cláudio Santos
Lula não aceitou os argumentos do governador Eduardo Campos de que o
lançamento de um candidato do PSB à prefeitura do Recife tem por
finalidade impedir a volta de um representante da oposição. Na opinião
do governador, é preferível a vitória com Geraldo Júlio (PSB) à derrota
com o senador Humberto Costa (PT), que teria força política para chegar
ao segundo turno se fosse o candidato único da Frente Popular. Mas, na
disputa final, não teria com quem celebrar novas alianças.
O ex-presidente, segundo testemunho de petistas, não esperava essa
atitude do governador de Pernambuco, a quem dispensou tratamento vip
quando estava no Palácio do Planalto. Lula queria que o PSB apoiasse a
candidatura do senador – que é um dos seus mais fieis discípulos desde a
fundação do Partido dos Trabalhadores – por duas especiais razões.
Primeira, para que o Recife permanecesse sob controle do PT. Em segundo
lugar, porque o PT apoiou o PSB no 2º turno de 2006.
O desejo do ex-presidente não foi atendido e os dois principais
partidos da Frente Popular irão para o confronto. Isso terá sérios
desdobramentos na política local e nacional. Afinal, o que houve no
Recife não foi apenas uma jogada tática do PSB visando à conquista da
prefeitura. Foi uma ruptura do PSB com o PT e o rompimento político do
governador com o ex-presidente Lula. Pelo menos é sob essa ótica que o
ex-presidente encarou a decisão do PSB de não apoiar Humberto Costa.
Oposição 1 – Por ser o 1º colocado nas pesquisas dentre os
pré-candidatos da oposição a prefeitura do Recife, Mendonça Filho (DEM)
defende a retirada das outras três candidaturas em favor da dele. Mas
Daniel Coelho (PSDB) e Raul Henry (PMDB) estão se negando a apoiá-lo.
Oposição 2 – A tendência de Daniel e Raul e se juntarem a Geraldo
Júlio (PSB), já que Eduardo Campos fez nesta campanha aquilo que era o
desejo deles: afastar-se do PT. Aliás, essa era a única condição exigida
por Sérgio Guerra para levar o PSDB estadual para a base do governo.
Duas visões – Do núcleo inflexível do “jarbismo”, quem mais se opõe à
aliança do PMDB com o PSB é o ex-secretário José Arlindo Soares. Ele é
100% favorável ao apoio de Raul Henry à candidatura de Mendonça Filho
(DEM), caso o peemedebista se afaste da disputa. Já Murilo Cavalcanti,
da ONG “Brasil sem armas”, é 100% a favor de uma aliança do PMDB com o
PSB.
A reação – Petistas ligados a Humberto Costa garantem que Lula virá
ao Recife para participar da campanha dele e também fazer gravações para
a propaganda petista na televisão. O conteúdo da fala do ex-presidente é
que ainda vai passar por um processo de negociação. Os petistas mais
exaltados defendem que o ex-presidente se refira ao governador como
“desleal” e “ingrato”.
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